Em 08/05, aconteceram várias
greves de motoristas e cobradores em grandes cidades brasileiras. Rio de
Janeiro, Florianópolis, Campinas e o grande ABC amanheceram com poucos ônibus
circulando.
Diante do desgaste causado
pela falta de transporte, muitos sugerem medidas alternativas à simples paralisação
do serviço. Uma delas seria a circulação dos ônibus sem a cobrança de passagem.
Trata-se de uma boa proposta,
sem dúvida. Mas ela implica controlar o trabalho. Não apenas paralisá-lo. Em seu
texto “A Dinâmica dos Movimentos de Massa”, o marxista inglês Colin Barker lembra
momentos em que algo semelhante aconteceu.
Em 1919, Na Greve geral de
Seattle, Estados Unidos, os caminhões só circulavam com autorização dos comitês
de trabalhadores. O abastecimento na cidade não foi interrompido, mas somente ocorria
sob o controle dos grevistas.
Na Polônia, em 1980, os
bondes e trens de Gdansk circulavam com cartazes que diziam: “Ainda estamos em
greve, mas estamos trabalhando para facilitar sua vida”. Os serviços de taxi
ficaram sob o controle do comitê de greve. As fábricas de conservas, também. Segundo
Barker:
O significado potencial de
tais desenvolvimentos é imenso, pois envolvem novas formas de poder popular,
com organismos de trabalhadores começando a assumir o controle do transporte e
da distribuição de alimentos.
O problema é que são medidas que
exigem um nível de organização e conscientização que o movimento sindical tradicional
dificilmente alcança. Ao contrário, a greve dos motoristas cariocas, por
exemplo, foi feita contra a vontade do próprio sindicato da categoria.
Para chegar a controlar seu próprio
trabalho, os trabalhadores precisam fugir ao controle das direções pelegas de
seus sindicatos.
Leia também: Sobre
greves e ex-grevistas
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