Doses maiores

15 de maio de 2014

Nestas eleições, não saia das ruas

Em 05/05, Cristian Klein publicou a matéria “Desencantado, eleitor se afasta dos partidos”, no Valor. A reportagem cita dados de recente pesquisa do Datafolha, que apontam a queda da preferência partidária pelos eleitores para apenas 30%, atingindo o menor nível em 25 anos.

Mas há outro número relevante na matéria. Trata-se da proporção dos que pretendem votar branco ou nulo para presidente. Na eleição de 1989, eles eram 11% dos pesquisados. Desde então, esta proporção veio caindo, chegando a 8%, em 2010. Mas em 2014, poderia chegar aos 20%.

São dados que certamente animam os setores de esquerda que defendem o voto nulo nas próximas eleições. Mas esta posição apresenta muitos problemas. Vários deles são abordados em um ótimo texto que Mauro Iasi publicou no blog da Boitempo em 14/05.

O artigo combate possíveis ilusões no papel politizador do voto nulo. Cita textos de Marx, Engels, Lênin, Trotski, Lukács, Gramsci, Rosa e até Che Guevara sobre a questão. Todos defendem a importância da participação dos revolucionários no jogo eleitoral.

Iasi é candidato à presidência pelo PCB nas próximas eleições. Apesar disso, reconhece as justas razões de quem não aguenta mais a farsa eleitoral. Afirma que o centro da luta está nas ruas, “porque é lá que se joga a parte essencial do jogo político e onde os interesses da maioria podem emergir”.

No final, Iasi faz uma proposta aos setores da esquerda combativa: “Anule seu voto, vote na esquerda revolucionária… mas, não saia das ruas! É por lá que passa a mudança”. Perfeito!

Leia a o artigo de Mauro Iasi, clicando aqui.

2 comentários:

  1. Sergio, boa pílula e boa indicação de texto. Sinceramente estou na indefinição entre o voto nulo e de alguma candidatura à esquerda. O texto ajudou não a definir mas apresenta argumentos consideráveis a participar nas duas possibilidades tendo como prioridade às ruas. O que falta para abraçar com certeza e com mais convicção é um candidato único das forças à esquerda. Aí acho que é pedir muito, né?

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    1. É, Marião. Você tá querendo demais. Aliás, acho que essa incapacidade da esquerda combativa em se unir também é um elemento importante para essa descrença na importância de intervir no processo eleitoral. Se as eleições realmente não fossem prioridade para nenhum dos partidos, é provável que se entendessem quanto a uma candidatura única.
      Bração!

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