Em 30/04, completaram-se 10
anos da invasão do Haiti por tropas da ONU, lideradas por brasileiros. Na
Unicamp, o haitiano Franck Seguy acaba de apresentar sua tese de doutorado
sobre um dos aspectos da ocupação. O título é "A catástrofe de janeiro de
2010, a 'Internacional Comunitária' e a recolonização do Haiti".
Seguy disse ao jornal da
Unicamp que a ajuda internacional a seu país é uma “grande mentira”. A missão é
de paz, afirma ele, mas o país nunca esteve em guerra. E qualquer semelhança com
a “pacificação” violenta das favelas brasileiras não é coincidência. Vários soldados
que atuam na implantação das UPPs no Rio de Janeiro treinaram no Haiti.
Comentando o terremoto de
2010, Seguy afirma que a região mais atingida foi o departamento onde fica a
capital, Porto Príncipe. Mas os recursos para a “reconstrução” estão sendo utilizados
longe dali, no nordeste do país.
É lá que está sendo
implantado um parque industrial têxtil voltado para a exportação. O principal destino da produção será os Estados Unidos. Pagando salários de 5 dólares por
dia, tecidos e vestuário chegarão aos mercados americanos a preços chineses.
Tudo isso é parte de um
acordo assinado com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a companhia de têxtil coreana,
Sae-A Trading.
Enquanto isso, até o início
de 2014, mais de 150 mil pessoas continuavam desabrigadas em Porto Príncipe. Morando
em tendas e sem água “nem para lavar as mãos”, diz Seguy. Também não há água que
lave a sujeira das mãos do governo brasileiro em toda essa vergonhosa operação.
Leia também: Haitianos e racismo estatal
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