Yuval
Harari lançou mais um best-seller. Em “Homo Deus”, o autor israelense volta a
denunciar a arrogante superioridade que nossa espécie assumiu em relação às
outras. Para isso, lança mão da teologia.
Ele
lembra que as religiões animistas são aquelas em que entes não-humanos também
seriam habitados por espíritos. Principalmente, os animais e plantas. Tais crenças
corresponderiam à fase em que nossos antepassados eram caçadores e coletores.
Nesse
tipo de atividade, éramos obrigados a seguir rigidamente os ciclos biológicos.
Se uma determinada planta comestível acabava, era preciso encontrá-la em outro
lugar. Ou respeitar seus ciclos reprodutivos. O mesmo acontecia com a caça.
Harari
diz que as religiões correspondentes a esse modo de vida seriam como “óperas”
com um “elenco ilimitado de atores coloridos”.
Tudo
isso mudaria com o surgimento das religiões teístas, ou seja, aquelas em que somente
deuses são cultuados. A “ópera” multicolorida, diz ele, deu lugar a um “triste
drama com apenas dois personagens principais: o homem e Deus”.
Passamos
a ser considerados “o ápice da criação”, logo abaixo dos criadores divinos e
acima de todos os outros seres vivos. Uma religiosidade que corresponderia à
atividade agrícola. Em troca da proteção dos deuses para nossas colheitas
passamos a destinar-lhes parte da safra.
Este “acordo”,
diz ele, serviu a ambas as partes, “às custas do resto do ecossistema”. Mas como
ficam as partes que ficaram de fora? Milhares de anos desprezando a importância de
todas outras espécies não podem vir a nos cobrar um preço elevado demais em um futuro
não tão distante?
Continua
na próxima pílula, com uma rápida visita à Arca de Noé.
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