Doses maiores

17 de dezembro de 2016

Proposta de roteiro: apocalipse amazônico

Dado Galdieri
Versão 1: o desmatamento na Amazônia leva à descoberta de um estranho grupo de rochas que funciona como observatório astronômico. Trabalho de mãos humanas, realizado uns mil anos atrás. Fica evidente que a Amazônia foi habitada por povos muito mais complexos do que se julgava até então.

Arqueólogos, antropólogos e outros cientistas começam a chegar ao local. Vêm juntar-se aos trabalhadores pagos para derrubar a floresta pelas grandes corporações nacionais e internacionais que são proprietárias dos latifúndios da região.

Também chegam funcionários de grandes meios de comunicação e entretenimento para realizar documentários sobre a estranha descoberta e verificar o potencial do lugar como locação para filmar cenas de aventura e ficção científica.

Logo, surgem conflitos de interesses entre cientistas, latifundiários, governos, produtoras de cinema e TV. Quando os atritos ameaçam descambar para a violência, surgem do nada verdadeiros exércitos de índios que iniciam um massacre entre os recém-chegados. São os povos do passado, que utilizam as rochas como um portal do tempo. Vieram vingar toda a destruição provocada por aquela gente descendente de europeus. São as primeiras tropas de muitas outras que surgirão em outros sítios arqueológicos pelo mundo.

É na Amazônia que se inicia uma espécie de apocalipse vingador promovido pelos povos antigos contra os estragos causados pela lógica produtivista ocidental, inclusive em suas versões chinesa e russa.

Versão 2: a mesma trama acima, sem povos vindos do passado ou portais do tempo. Apenas um documentário que registra o início do apocalipse ocidental, sem necessidade de atores ou efeitos especiais. Basta acompanhar a ação dos poderes que atuam naquela região e no planeta em geral.


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