Em seu livro “Homo Deus”, Yuval Harari considera que os
últimos 70 mil anos correspondem à era do Antropoceno.
Neste período, diz ele, o Homo sapiens levou à extinção
todas as outras espécies humanas do mundo, 90% dos grandes animais de
Austrália, 75% dos grandes mamíferos da América e aproximadamente 50% dos
grandes mamíferos terrestres do planeta.
Mas a tese mais aceita considera que essa fase geológica
começou com a Revolução Industrial, quando a humanidade teria passado a afetar
o destino do planeta tanto quanto placas tectônicas e vulcões.
De qualquer maneira, a tese do autor é coerente com a
seguinte sequência lógica. Com a Revolução Agrícola, a humanidade silenciou
animais e plantas e transformou o que era uma “ópera grandiosa” em um "diálogo
entre o homem e os deuses".
Com a
Revolução Científica, a humanidade passou a silenciar os deuses também. Os antigos
caçadores-coletores eram apenas outra espécie de animal. Os agricultores se
viam como o ápice da criação. Os cientistas pretendem nos elevar à condição de deuses.
A mais
nova obsessão humana seria conquistar a divindade, criando novos seres principalmente por meio da Inteligência Artificial. O problema seriam os riscos
que um salto destes implicaria. Poderíamos criar uma forma de vida que viria a nos
escravizar?
Depende,
responde o autor. Nossas criaturas robóticas poderiam adotar como modelo de
comportamento nossa relação com as outras espécies. Fariam conosco o mesmo que
fazemos com elas.
Basta olhar
para a crueldade com que tratamos os outros animais e o desprezo que dispensamos
ao restante do ecossistema para imaginar o tamanho da encrenca.
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