Em 20/03, Gustavo Henrique Freire Barbosa publicou o
artigo “Friboi, BRF e a ‘ética’ do livre-mercado” no portal “Outras Palavras”. Professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Barbosa lembrou um trecho de “O
Capital”, de Marx, que merece destaque.
Segundo ele, no capítulo sobre a jornada de trabalho, Marx
cita um relatório da Câmara dos Comuns britânica abordando irregularidades na
produção de pães, segundo o qual “o livre-comércio abrangeria também o direito
de comercializar produtos falsificados”.
Diante disso, o revolucionário alemão escreveu:
...o inglês, tão apegado à Bíblia,
sabia que o homem, quando não se torna capitalista, proprietário rural ou
sinecurista pela Graça Divina, é vocacionado a comer seu pão com o suor de seu
rosto, mas ele não sabia que esse homem, em seu pão diário, tinha de comer
certa quantidade de suor humano, misturada com supurações de abscessos, teias
de aranha, baratas mortas e fermento podre alemão, além de alune, arenito e
outros agradáveis ingredientes minerais.
Alimento com tal qualidade bem poderia ser comparado ao popular
“pão que o diabo amassou”. Expressão que, aliás, teria origens bíblicas. Como
se sabe, foi o Diabo que levou Adão e Eva a experimentar o fruto proibido.
Condenado a trabalhar duro para garantir seu sustento, o primeiro casal passou
a ingerir um pão que lhes chegava à mesa com tanto esforço que era como se
tivesse sido preparado pelo próprio Capeta.
Século e meio depois da publicação de “O Capital” e muito
mais tempo desde Adão e Eva, já não temos problemas apenas com pães e o Maligno
não tem culpa alguma. Ou será que tem?
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