De meu pai, herdei o nariz, não seu
gênio. Costumava dizer a ele que poderia processá-lo por danos, já que seu
nariz tinha claramente me causado prejuízos.
Estas palavras são de Eleanor Marx. Estão na biografia publicada por Rachel Holmes, em
2014, sobre aquela que Marx considerava a filha mais parecida com ele.
Brincadeiras à parte, Rachel diz que que Eleanor herdou,
sim, a genialidade do pai. E que as perdas que sofreu não foram causadas por
seu nariz, mas por seu sexo. Tivesse nascido homem, certamente sua enorme
capacidade intelectual e incansável atuação militante teriam recebido o devido
reconhecimento, inclusive pela esquerda socialista.
Foi lutando contra as enormes dificuldades de sua
condição de mulher que Eleanor tornou-se uma verdadeira pioneira do feminismo
socialista, garante Rachel. Graças a ela e à revolucionária alemã Clara Zetkin,
diz a autora, podemos afirmar que “o feminismo começou na década de 1870, não
nos anos 1970”.
Em 1886, ela publicou “A Questão Feminina: um ponto de
vista socialista”, junto com seu marido, Edward Aveling. É o primeiro tratado
sobre o assunto escrito por uma mulher engajada nas lutas sociais de seu tempo.
Embora totalmente solidária às campanhas por sufrágio
feminino e participação das mulheres no parlamento, ela considerava essas lutas
limitadas frente aos desafios da luta pela libertação feminina. Eleanor entendia
que:
... a luta pela emancipação das
mulheres e a igualdade entre os sexos é um pré-requisito para qualquer forma
eficaz para uma revolução social progressista.
Infelizmente, o livro ainda não tem edição em português. Em
breve, voltaremos a destacar algumas das façanhas dessa grande revolucionária
da classe trabalhadora.
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