Em 20/03, manifestantes ocuparam o Senado estadual do
Texas para protestar contra tentativas de restringir o direito ao aborto no
Estado.
Algumas mulheres que participaram da atividade vestiam
hábitos vermelhos. Era uma referência às roupas da personagem principal do livro
“O conto da aia”, de Margaret Atwood.
Publicado em 1985, a obra mostra um futuro em que as
mulheres vivem um pesadelo opressivo. Neste pesadelo utópico, elas não passam de
serviçais condenadas à procriação. A palavra “estéril”, por exemplo, não existe
mais. Afinal, homens jamais seriam estéreis e mulheres estéreis nunca seriam
consideradas mulheres.
Abaixo, alguns trechos:
...quando mataram a tiros o presidente
e metralharam o Congresso, e o exército declarou um estado de emergência. Na
época, atribuíram a culpa aos fanáticos islâmicos.
Foi então que suspenderam a
Constituição. Disseram que seria temporário. Não houve sequer nenhum tumulto
nas ruas. As pessoas ficavam em casa à noite, assistindo à televisão, em busca
de alguma direção.
Excitação sexual e orgasmo não são
mais considerados necessários; seriam meramente um sintoma de frivolidade, como
ligas rendadas ou pintas falsas: distrações supérfluas para os volúveis. Fora
de moda.
Ó Deus, Rei do Universo, obrigada por
não ter-me criado homem. Ó Deus, oblitera-me. Torna-me fecunda. Mortifica a
minha carne; para que eu possa ser multiplicada. Permite-me ser preenchida.
Renuncio a meu corpo voluntariamente,
para submetê-lo ao uso de outros. Eles podem fazer o que quiserem comigo. Sou
abjeta. Sinto, pela primeira vez, o verdadeiro poder deles.
O livro está entre os mais vendidos desde que Donald
Trump foi eleito. Provavelmente, porque passou a ser considerado profético. Exagero?
Tomara que sim.
Pesadelo utópico? Seria antiútópico, não?
ResponderExcluirNa verdade, seria distópico. Mas distopia também pode ser uma utopia negativa assim como um pesadelo pode ser um sonho ruim.
ExcluirValeu
Abraço