Imagine uma casa cheia de gente que não se entende. De repente,
um dos ocupantes coloca um bode no meio da sala. Diante do fedor e da falta de
espaço causados pelo bicho, todos esquecem suas diferenças.
Esta é a “teoria do bode na sala”, muito utilizada para
explicar algumas situações políticas ou sociais. Por exemplo, a reforma da
previdência teria feito o papel do bode na sala para que a liberação da terceirização
fosse aprovada.
E, quem sabe, os novos bodes venham a ser os problemas
causados com a terceirização generalizada, enquanto é aprovado o fim das
aposentadorias para quase todos. Logo depois, viria o bode da quebra da
estabilidade dos servidores públicos.
Desse modo, bodes e mais bodes continuam a atravancar os cômodos
da casa. E sua bosta a se acumular em quartos, sala, cozinha, banheiro...
Mas, talvez, tudo tenha começado com a presença de um outro
animal, que chegou antes desses bodes todos. Teria sido trazido pelos membros
mais humildes da família. No início, muitos dos moradores mais finos não queriam
aceitá-lo. Mas logo viram que, apesar de sua total falta de pedigree, o bicho teria
muita utilidade.
O animal saltitava alegremente pela casa, recebendo o cafuné
sincero de muitos e o carinho falso de poucos. Enquanto isso, medidas prejudiciais
aos interesses da maioria pobre da casa puderam ser preparadas sem chamar a atenção.
Quando, finalmente, estava tudo pronto para implementá-las, o simpático animal foi
expulso a pontapés.
Foi, então, que chegaram os bodes fedidos. Do lado de
fora, ficou o pobre bicho recém escorraçado.
É um sapo. E parece que tem barba.
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