“Eichmann em Jerusalém - Um relato
sobre a banalidade do mal” é um livro de Hannah
Arendt, de 1963. Descreve o julgamento de Adolf Eichmann, um funcionário da máquina de
morte nazista que alegava estar apenas cumprindo ordens superiores.
Na obra, a filósofa alemã procura mostrar como a
prática dos piores crimes contra a humanidade pode se tornar parte de um
mecanismo burocrático. O genocídio como rotina administrativa.
Um trecho merece comentários pertinentes a nossos
dias:
E a
sociedade alemã de 80 milhões de pessoas se protegeu contra a realidade e os
fatos exatamente da mesma maneira, com os mesmos autoengano, mentira e
estupidez que agora se viam impregnados na mentalidade de Eichmann. Essas
mentiras mudavam de ano para ano, e freqüentemente se contradiziam; além disso,
não eram necessariamente as mesmas para todos os diversos níveis da hierarquia
do Partido e para as pessoas em geral (...)
As mentiras que vêm circulando
pelos meios digitais também não são as mesmas para “todos os níveis” sociais. Variam
de bolha para bolha. Mas...
…a prática
do autoengano tinha se tornado tão comum, quase um pré-requisito moral para a
sobrevivência, que mesmo agora, dezoito anos depois do colapso do regime
nazista, quando a maior parte do conteúdo específico de suas mentiras já foi
esquecido, ainda é difícil às vezes não acreditar que a hipocrisia passou a ser
parte integrante do caráter nacional alemão.
Trata-se de um estágio a que ainda não chegamos. Mas tudo indica que
falta pouco.
Infelizmente, não há nada de muito novo sob o sol. Principalmente,
quando o crespúsculo antecipa trevas ameaçadoras.
Leia também: Vem aí o infocalipse. Ou não...
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Sim,a barbárie nunca é um raio que cai em dia de céu azul. Seus sinais aparecem no dia a dia, na fascistização das pessoas comuns,na indiferença e na intolerância. Na violência e banalização do mal.
ResponderExcluirSim. E esse trecho do livro da Arendt foi você que achou pra mim.
ExcluirValeu!