Sobre
a presença feminina entre os setores explorados merece destaque um trecho do livro
“Marx estava certo”, de Terry Eagleton:
...o proletariado original não era a classe operária,
mas as mulheres de classe baixa na sociedade antiga. O termo “proletariado” vem
da palavra latina “prole”, referindo-se àquelas que eram pobres demais para
servir ao Estado com algo além de que seus úteros. Desprovidas para contribuir
para a vida econômica de qualquer outra forma, essas mulheres produziam mão de
obra na forma de filhos. Nada tinham para entregar, salvo o fruto de seus
corpos. O que a sociedade demandava delas não era produção, mas reprodução. O proletariado
começou a vida entre os alijados do processo de trabalho, não entre os que
faziam parte dele (...). Hoje, na era das “sweatshops” do Terceiro Mundo e do
trabalho agrícola, a proletária típica continua a ser a mulher. O trabalho
colarinho-branco, que na época vitoriana era desempenhado, em sua maioria, por
homens da classe média baixa, hoje se encontra, basicamente, confinado a
mulheres, que, em geral, recebem menos do que operários braçais sem
qualificação. Foram elas, também, que em grande parte preencheram as vagas
decorrentes da enorme expansão das atividades em lojas e escritórios, surgidas
com o declínio da indústria pesada após a Primeira Guerra Mundial. Na própria
época de Marx, o maior grupo de trabalhadores assalariados não era a classe
operária industrial, mas a dos empregados domésticos, dos quais a maioria era
formada por mulheres.
Essa
enorme importância jamais se viu representada na mesma proporção em nossas “vanguardas”.
Ajuda a explicar porque tanta coisa vem dando tão errado.
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