Era 7 de abril. Alguns
dias depois do golpe de 1964. Na casa do deputado Joaquim Ramos, encontraram-se
os líderes do Partido Social Democrático: Juscelino Kubitschek, Amaral Peixoto,
José Maria Alkmin e Negrão de Lima. Vinham para uma reunião com Castelo Branco,
chefe dos golpistas.
Castelo se apresenta
como candidato à presidência da república nas eleições indiretas que se
realizariam no Congresso Nacional, poucos dias depois. Ele queria o apoio dos
presentes. Em troca se comprometia a respeitar a Constituição permitindo que
ocorressem as eleições diretas para presidente, marcadas para outubro de 1965.
Saiu da conversa com o
apoio garantido, inclusive aceitando como vice um homem de confiança de
Juscelino, José Maria Alkmin. Para fazer valer o acordo, o Congresso aprovou
nada menos que sete reformas constitucionais em apenas quatro dias. Todas
restringindo direitos e liberdades
Em 11 de abril, o
Congresso elegeu Castelo Branco presidente para terminar o mandato de Jânio
Quadros. Foram 261 votos, incluídos 36 da bancada do PTB, o partido de João
Goulart. O voto mais aclamado foi o do senador Juscelino Kubitschek, favorito
para as eleições do ano seguinte. Apenas 72 deputados se abstiveram “por motivo
de consciência”.
Uma das primeiras providências
de Castelo Branco como presidente foi cassar os direitos políticos de Juscelino
Kubitschek. As eleições diretas de 1965 nunca aconteceram. Foram adiadas por
longos e tenebrosos vinte anos.
O relato acima é de
Jorge Caldeira em seu livro “História da riqueza no Brasil”, lançado
recentemente. Mostra bem o que acontece quando se negocia com golpistas.
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Ah que pena, a chamada para a leitura do texto que recebi no mail, não se encontra nele: "Pelo acordo, JK apoiaria a eleição indireta de Castelo Branco. Em troca, este permitiria a realização de eleições diretas em 1965. Adivinhe quem deixou de cumprir sua parte". Adorei a chamada, ri muito, principalmente da frase final provocativa. Bjs.
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