Doses maiores

10 de outubro de 2018

Nossa “Escala F” anda bem alta

O estudo “A personalidade autoritária”, coordenado por Max Horkheimer, é de 1950. Trata-se de um conjunto de trabalhos de investigação psicossocial sobre preconceito e autoritarismo.

Nele aparece a “Escala F”, que procurava medir predisposições ideológicas autoritárias, antidemocráticas e, no limite, fascistas em determinado grupo.

Consistia em uma série de afirmações com as quais se deveria concordar ou não, do tipo:

1) “as pessoas só aprendem algo realmente importante por meio do sofrimento”, 2) “as pessoas podem ser divididas em duas classes: os fracos e os fortes”; 3) “hoje em dia, quando tantos tipos diferentes de pessoas circulam e entram em contato umas com as outras, cada um tem de se proteger cuidadosamente para não pegar uma doença”

Claro que as afirmações acima são apenas exemplos. Dependendo da época e lugar, elas podem ser completamente diferentes.

Além disso, as respostas devem passar por um complexo trabalho de elaboração e inter-relação para formarem um diagnóstico. E este revelará apenas uma tendência, nunca uma verdade incontestável.

Em nossa época, algoritmos certamente tornariam essa medida aplicável em larga escala.

Na verdade, algo parecido já existe, mas para outros objetivos. A publicidade utiliza dados das redes digitais para localizar nichos de consumidores.

O mesmo fazem as campanhas eleitorais para encontrar eleitores predispostos a se alinharem a suas propostas e as divulgarem. Trump fez isso muito bem. Aqui, sabemos quem vem fazendo o mesmo de forma bem sucedida.

O “F” da escala é de fascismo, claro. Mas poderia ser de falso, de Facebook e daquela palavra que circula por nossas cabeças e sai de nossas bocas cada vez mais frequentemente.


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