Em
29/09/2018, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em todo o país, sob a
bandeira do #EleNão.
Em
São Paulo, uma multidão lotou o Largo da Batata. Mas uma multidão bastante
homogênea. É o que mostra pesquisa realizada por uma equipe da USP durante a manifestação.
Segundo
o levantamento, apenas 1% dos presentes se identificou como de direita, mesma proporção
para os de “centro” e “centro-direita”. Dos entrevistados, 86% cursavam
faculdade ou já tinham curso superior. 31% tinham renda familiar de cinco a dez
salários mínimos. Outros 26% recebiam mais de dez mínimos.
Considerando
a realidade do restante da sociedade, não é exagero dizer que os manifestantes pertencem
a uma “elite”. E, como tal, encontram sérias dificuldades para defender sua
justa opção política junto a uma maioria mergulhada numa barbárie que o capitão
reformado alimenta e é por ela alimentado.
Além
disso, 13 anos dividindo o governo com gente muito mal recomendada fizeram do PT
a cara do sistema e tornaram o antipetismo cada vez mais forte.
E
não adianta muito culpar o golpismo da imprensa e do judiciário por tudo isso. Até
porque os diretamente golpeados contam, agora, com o apoio de vários golpistas.
O
que a pesquisa da USP confirma é que dificilmente conseguiremos interferir em
uma realidade com a qual temos pouco ou nenhum contato.
O
que as pesquisas eleitorais vêm mostrando é que podem estar certos aqueles que defendiam
a retirada do PT do centro da cena eleitoral para evitar o pior dos males.
Mas
isso só aconteceria se a cúpula petista tivesse um mínimo de responsabilidade
histórica.
Leia
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generais de Bolsonaro
Sergio, qual seria exatamente a atitude que acha que o PT deveria tomar? Bjs
ResponderExcluirMarião, neste momento, não há nada a fazer se não torcer (e quem tiver estômago, militar) para o FH vencer. Mas acho que não correríamos o risco que estamos correndo se a direção do PT levasse a sério a tal frente antifascista que chegou a discutir. Poderia, com base nisso, ter aceitado uma candidatura de fora do PT como protagonista, ficando nos bastidores à espera de uma chance de voltar. Mas o PT só quer saber de controlar o processo todo, custe o que custar. Mistura de vaidades pessoais com irresponsabilidade histórica. Na situação em que estamos, mesmo que o EleNão seja derrotado, vai ser num quadro de polarização despolitizada e odiosa, que só aproveita à direita. É isso, basicamente. Estamos bem fodidos.
ResponderExcluirBeijo
Sérgio, você foi preciso. Apoiado: a questão é de "responsabilidade histórica", digo, de consciência histórica e de... consciência de classe. É preciso que uma 'acompanhe' a outra... Vem à mente um enunciado de Benjamin: “Quem esquece séculos de experiências jamais obterá uma verdadeira autoconsciência histórica baseada na consciência presente das experiências históricas”. abraço sincero e silencioso.
ResponderExcluirSim, Alexandre, é aqui se trata apenas de décadas de experiência histórica, desde a derrota com o golpe militar.
ResponderExcluirAbraço sincero e silencioso
Pois é, se já está difícil pensar em décadas, que dirá na perspectiva da longa duração - que nos permitiria compreender o golpe de 64 na esteira de uma história colonialista, imperial e "republicana" (haja aspas para essa "republicana"...) usurpadora, exploratória e... golpista. Execram Paulo Freire porque não fazem a menor ideia de quem foi Caio Prado Jr, por exemplo... Precisamos nos fortalecer, o futuro próximo promete... Torço para que eu esteja enganado, que a 'bola de cristal' da história esteja quebrada... Ou que nos surpreendamos com uma nova velha toupeira, embora eu não faça a menor ideia de por onde ela andará... [mas de 'neo' já estamos de saco cheio, não é mesmo?]. abração
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