Logo após demiti-lo, Bolsonaro
divulgou um vídeo elogioso a Gustavo Bebianno. Mas o pronunciamento não apareceu nas redes virtuais dos bolsonaristas mais fiéis.
Ao contrário, reportagem de Daniela
Lima, publicada na Folha em 20/02/2019, relata que filhos e pessoas próximas a
Bolsonaro retrataram Bebianno como traidor, agente infiltrado, quinta coluna, conspirador
aliado à “grande mídia”...
A conduta corresponde ao que diz Pedro Dória em artigo publicado no Globo, em 24/01/2019. Segundo
ele, a estratégia digital do clã Bolsonaro busca alcançar objetivos muito claros. Um
deles é:
...agir
sobre as conversas, interromper o diálogo. Qualquer um que critique o
presidente é imediatamente inundado de respostas, em geral ataques duros e com
poucas palavras até para padrões do Twitter. E a enchente de respostas torna
impossível filtrar no meio quais os comentários interessantes, quem de fato
buscava o diálogo. Ataques sistematizados assim, nos quais a turba é orientada
a apontar para uma pessoa e bombardear, correspondem a uma das formas modernas
de censura. Cala-se não proibindo a fala, mas fazendo com que ela desapareça no
ruído.
Mas o mais importante nisso tudo é “municiar de argumentos sua própria militância quando
precisa lidar com críticas”. E, com isso, mantê-la “em constante estado de
alerta”.
Ou seja, trata-se de manter um grupo de fanáticos em constante mobilização para travar uma espécie
de guerra de guerrilhas. Tendo entre seus principais alvos não apenas a oposição, mas a grande mídia
e outros setores da burguesia não totalmente alinhados ao governo.
Não temos nada a aprender
com o fanatismo e as mentiras bolsonaristas. Mas alguma coisa sobre guerras de guerrilhas
pelas redes, talvez.
Enquanto alguns mais medrosos temiam o retorno do modelo de chumbo, com tanques, soldados armados até os dentes nas ruas prendendo arbitrariamente e centros de tortura, eu percebi que a guerra ideológica seria digital, a estupidez ou o lunatismo (religioso inclusive) a calar a racionalidade dos que se opõem.
ResponderExcluirResta saber como a esquerda deverá se organizar em rede, como a direita bolsonarista vem fazendo. Ou então, planejar outra forma. Mas a essa altura, qual será a outra alternativa senão encarar a situação via mobilização nas ruas?
Sim, Salete. O principal é a mobilização. Mas o acúmulo de forças para isso também tem que incluir a organização em rede e o domínio da linguagem de algoritmos para a neutralização do poder que a direita acumulou nos espaços virtuais.
ExcluirAbraço!
Sim, verdade. Nada melhor do que a soma dos fatores, o tecnológico e o coletivo, para tornar a resistência mais efetiva.
ExcluirPerfeito.
PS: criei um blog, meio que variado, ainda desorganizado por ser novo, chamado maquinandopensamentos.blogspot.com. A foto de fundo é de minha autoria. Pode deixar lá seus comentários, críticas, discordâncias e sugestões.
Abração!