Doses maiores

20 de fevereiro de 2019

O bode de estimação do Facebook

A Cambridge Analytica é uma empresa que analisa os dados disponíveis nas redes virtuais. Ficou famosa por trabalhar para as campanhas de Donald Trump e do Brexit, pela saída do Reino Unido da União Europeia.

Sua atuação foi considerada decisiva para a vitória em ambas os casos. Mas há quem ache que a ação da empresa funcione apenas como cortina de fumaça para ocultar um ator bem mais poderoso: o Facebook.

Entre os adeptos dessa hipótese está Siva Vaidhyanathan, que a defende em seu livro “Mídia antissocial: como o Facebook nos desconecta e enfraquece a democracia”.

No caso das eleições estadunidenses, ele relata que a Cambridge trabalhou para Ted Cruz, rival de Trump na disputa pela indicação como candidato republicano.

O problema era a qualidade das previsões da empresa. A margem de erro na identificação de eleitores republicanos como apoiadores da Cruz beirava os 50%. Resultado, Trump ganhou a indicação.

Vaidhyanathan cita o cientista político David Karpf, segundo o qual “não há evidências de que a Cambridge Analytica tenha resolvido os problemas com a aplicação de seu modelo psicométrico ao comportamento dos eleitores”.

Alexander Nix, um alto executivo da empresa, chegou a admitir que a campanha Trump jamais implementou o perfil psicométrico da Cambridge. Para quê, pergunta o autor, se já havia o Facebook para fazer todo o trabalho sujo?

Em março de 2018, o Facebook baniu a empresa. Mas há fortes sinais de que a turma de Zuckerberg já sabia de suas violações legais há dois anos. Aparentemente, a cortina de fumaça havia perdido sua utilidade.

Como dizemos por aqui, tiraram o bode da sala.

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