Doses maiores

13 de fevereiro de 2019

A grande transformação e a grande escolha

“A grande Transformação” é um clássico da história econômica. Escrito por Karl Polanyi, o livro foi publicado em 1944. O mundo começava a sair da Grande Guerra e o pensador húngaro tentava entender o que dera tão errado.

Segundo introdução escrita por Diogo Ramada Curto, Nuno Domingos e Miguel Bandeira Jerónimo para uma edição portuguesa de 2010:

A grande transformação teria consistido na libertação dos mercados do controle das instituições sociais e, ao invés, na determinação da economia, das próprias instituições sociais e, tendencialmente, de todos os aspectos da vida social e humana pelos padrões da troca mercantil.

Nesse sentido, os regimes totalitários representariam um “ricochete violento das massas humanas contra a desumanização da sociedade pela lógica mercantil”, dizem eles.

Já nas palavras do próprio autor, a “verdade é que o papel desempenhado pelo fascismo foi determinado por um único fator: a situação do sistema de mercado”.

Entre 1924 e 1929, diz Polanyi, quando o restabelecimento do sistema de mercado parecia assegurado, o fascismo apagou-se completamente enquanto força política. A partir de 1930, a economia de mercado mergulhava numa crise geral. Passados poucos anos, o fascismo se transformaria em força mundial.

Ou seja, o fascismo é uma resposta à crise provocada pela lógica avassaladora da mercadoria imposta à sociedade. A pior das respostas. A outra possível é o socialismo, defende Polanyi. Ainda que o socialismo dele fosse diferente daquele defendido pelos marxistas.

De qualquer maneira, antes como agora, uma profunda crise toma dimensões ainda mais planetárias. E a grande escolha continua a ser entre a barbárie fascista e o socialismo.

Continuaremos a comentar essa importante obra.

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