Em
13/02/2019, Ezequiel Rivero, pesquisador da Universidade Nacional de Córdoba,
Argentina, publicou interessante artigo sobre a Netflix no portal
Página/12.
Segundo
ele, a grande promoção de conteúdos como “Narcos”, “El Chapo” ou “O Mecanismo”,
gerou suspeitas quanto à linha editorial adotada pela Netflix na América
Latina. Um levantamento descobriu que dos 90 títulos de séries oferecidos para
sete países da América Latina e Caribe, trinta abordam temáticas vinculadas com
crime organizado, narcotráfico, corrupção política e violência social. Mas, diz
Rivero, esses números são mais reveladores se levarmos em conta que são os
conteúdos mais divulgados e com maior relevância ou visibilidade dentro do
catálogo.
Em
meio a sua imensa vastidão e fragmentação, o que diferencia a Netflix é
precisamente a personalização, afirma. Ou seja, a formação de “silos culturais”
que transcendem nacionalidades e que a empresa consegue criar com a ajuda de um
fantástico e opaco trabalho de automatização de seu funcionamento. Assim,
consegue ser muitos serviços ao mesmo tempo e cada usuário terá mais
possibilidades de ver “sua Netflix”, ignorando, em geral, as outras opções do
catálogo total.
Ainda
que se mostre imprevisível, aleatória e nos envolva por horas em sua amigável
interface, a Netflix, sabe muito bem como induzir o gosto de seus assinantes.
Cada vez fica mais claro que por trás de caracterizações tão assépticas como
“plataforma” ou “aplicativo”, esconde-se uma empresa de meios audiovisuais que
toma decisões editoriais, tem ideologia e influencia na formação da opinião
pública, conclui Rivero.
Deveria
ser óbvio, mas nossas incessantes interações com telas nada inocentes andam nos
cegando para as coisas mais óbvias.
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