O
Facebook acaba de completar 15 anos. Comporta-se cada vez mais como um perigoso
jovem psicopata do que como um adolescente desastrado. É o que mostra mais um
relato do livro “Mídia antissocial: como o Facebook nos desconecta e enfraquece
a democracia”, de Siva Vaidhyanathan.
Bem
antes de Trump, veio a Índia. O país tem o maior número de usuários do
Facebook, com mais de 250 milhões. Nas eleições de 2014, a poderosa rede
virtual foi fundamental para a eleição do primeiro-ministro Narendra Modi, do
Partido Bharatiya Janata (BJP).
O
BJP pertence a um movimento nacionalista, cujo maior objetivo é transformar o
país em uma teocracia hindu. Além disso, Narendra Modi construiu grande parte
de sua candidatura sobre a discriminação aos muçulmanos indianos, cuja
população é a segunda maior do mundo.
Foi
sob o governo de Modi no estado de Gujarat, em 2002, que ocorreu um grande
massacre de muçulmanos. Das mais de mil pessoas mortas, 790 eram islâmicas.
Além
disso, grande parte do eleitorado de Modi identifica-se com posturas machistas,
desprezando as constantes agressões e violações sexuais sofridas pelas mulheres
indianas.
Nada
disso impediu que a equipe do Facebook trabalhasse diretamente com o comitê
eleitoral do BJP durante a campanha de Modi.
Para
um candidato ligado a forças violentas e nacionalistas, o Facebook era ideal.
As mensagens mais violentas e carregadas de ódio circulavam abaixo da visão de
jornalistas e observadores internacionais.
Há
outros e piores exemplos da atuação política do Facebook. É o caso do apoio ao
presidente Rodrigo Duterte, das Filipinas. Mas fica para a próxima.
E
nada de parabéns para o Facebook!
Serginho, me desagradam essas considerações em que o Facebook (creio não ser o seu caso) aparece como fator decisivo nas eleições. Vi muitos posts, no Face mesmo, atribuindo a faixa presidencial do Bolsonaro ao Face. Marilena Chauí, em uma entrevista à revista Cult (ah, não vou pesquisar o número, quem quiser vá atrás), atribuía o sucesso das manifestações de junho de 2013 às mídias sociais. Cheguei até a escrever para a revista criticando isso. Você tem uma "Pilula", "Redes sociais não fazem revolução" (quem mandou dar o livro), em que argumenta exatamente o que o título propõe. Pois bem, acho que as mídias sociais não fazem revolução, assim como não elegem pessoas de direita. Bjs.
ResponderExcluirSim, nem o autor do livro diz que o facebook é decisivo. Mas, dependendo do caso, seu uso é muito importante. O fato é que o conteúdo político das campanhas é que interessa. O facebook apenas potencializa a exploração dos valores conservadores presentes na sociedade.
ExcluirCaríssimos, em analogia, no contexto brasileiro outra rede social foi potencializadora poderosa na eleição de Bolsonaro: o WhatsApp, através das famosas fake news e outras distorções sobre o PT e Haddad.
ResponderExcluirAbraço
Sim, Salete, mas o Zap também é do facebook.
ExcluirAbraço