De volta ao livro
“Cyber-Proletariat”, de
Nick
Dyer-Witheford.
O que a Ford fez com a
automação industrial, a Telefônica Bell fez com a comunicação. A primeira
divorciou o trabalho manual dos corpos humanos. A segunda criou um sinal separado
da fala e da escrita humanas e o submeteu ao controle tecnológico.
É aí que entra o
conceito de ciclo cibernético de retroalimentação destacado por Dyer-Witheford.
Essa inovação
possibilitou às máquinas desenvolver qualidades consideradas específicas do
trabalho vivo: flexibilidade, adaptabilidade, aprendizado e autoconsciência.
A combinação de todos
esses elementos permitiria ao Pentágono conceber as primeiras redes digitais,
tratando a informação como uma sequência inteiramente quantificável e,
portanto, processável por máquinas.
Pessoas são barulhentas
e dispersivas, mas utilizam muitos canais paralelos e simultaneamente ativos.
Computadores são muito rápidos e precisos, mas só conseguem executar uma ou
algumas operações elementares por vez.
A indústria passou a
buscar a combinação entre a velocidade do processamento das máquinas e a capacidade
humana de definir estratégias. Seu objetivo maior era livrar-se desta última.
Os trabalhadores estadunidenses
resistiram ao ritmo acelerado de automação produtiva até o final dos anos 1970,
quando surgiu a pesada concorrência japonesa.
Mas o segredo era o toyotismo,
que priorizava a “reengenharia humana”. Foi ela que precedeu e acompanhou a introdução
das máquinas cibernéticas, no Japão. O verdadeiro pressuposto era uma transformação
na consciência humana.
Se a indústria
automotiva japonesa superou a dos Estados Unidos, não foi porque ela tinha
robôs melhores, mas porque seus trabalhadores foram condicionados a melhor utilizá-los.
No final das contas, Gramsci é quem
tinha razão: é sempre de disputa de hegemonia que se trata.
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