Doses maiores

6 de dezembro de 2019

Os desafios organizacionais do ciberproletariado

Na parte final de seu livro “Cyber-Proletariat”, Nick Dyer-Witheford considera que:

...o projeto principal da luta contemporânea é recuperar a corporalidade que o “intelecto geral” está aniquilando e combater a “hiper-abstração digital-financeira” que está liquidando o corpo vivo do planeta e o corpo social.

Contudo, diz ele, “a recuperação do corpo precisa de forma organizacional”. Em relação aos sindicatos, por exemplo, sua atuação deve atravessar quatro tipos de ação que têm caracterizado os ciclos recentes de luta: motins urbanos, lutas salariais, ocupações e “hacktivismo”. Respeitando-se sempre as diferentes composições de classe presentes entre os explorados e oprimidos.

Na esfera partidária, a forte tendência horizontal das lutas contemporâneas torna improvável que qualquer grupo de vanguarda hegemonize seus inúmeros componentes. Daí a necessidade de uma configuração em rede, que viabilize um "partido do vir a ser", composto de movimentos múltiplos que aprendem, no curso da luta, uma crescente autodisciplina, priorizando objetivos e coordenando operações em torno de fins comuns gradualmente desenvolvidos. Uma espécie de vanguardismo rotativo.

Outra necessidade é planejar a transição para um comunismo pós-capitalista, desde que esses planos sejam mantidos em caráter transitivo, móvel e múltiplo, constantemente sujeitos a discussões dentro do movimento e jamais entendidos como programas fetichizados, mas como um meio de ampliar as lutas e as apropriações contra o capital.

Por fim, a cibernética foi desde o início criação da guerra. E continuou a se desenvolver no contexto de inúmeras guerras. É impossível ignorar a probabilidade de um futuro movimento comunista surgir em um contexto mais ou menos relacionado a elas.

Prontidão para a guerra é a recomendação final.

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