Doses maiores

11 de dezembro de 2019

Vivemos o auge dos monstros fabris

Em meio ao debate sobre a fragmentação da classe trabalhadora, importante atentar para as informações trazidas pelo livro "Mastodontes" ("Behemoth", na edição inglesa), de Joshua B. Freeman.

Trata-se de um estudo recente sobre a presença das fábricas na história. Esta invenção tipicamente capitalista, diz Freeman, está muito longe de perder importância.

Como lembra o autor, hoje, “a maioria dos consumidores de produtos industriais nunca esteve em uma fábrica, nem sabe muito sobre o que acontece dentro delas”. Mas poucas coisas de nossa vida cotidiana não saem de suas linhas de montagem.

É verdade que atualmente apenas 8% dos trabalhadores estadunidenses trabalham na indústria, contra 24% em 1960, diz ele. Mas os números indicam que o mundo vive o auge da produção nas fábricas.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, em 2010, quase 29% da força de trabalho global trabalhava na indústria. E, obviamente, a China é responsável por grande parte desse percentual.

Em 2015, 43% da força de trabalho chinesa estava empregada na indústria. É lá que as maiores fábricas da história estão operando, manufaturando produtos como smartphones, laptops e tênis de marca.

A China tem instalações com 100 mil, 200 mil ou mais trabalhadores. Uma empresa em Dongguan com 110 mil trabalhadores é a maior fábrica de calçados da história. São um milhão de pares de sapatos produzidos mensalmente para marcas internacionais como a Nike.

Tudo isso ajuda a explicar o significado do título original do livro: na mitologia judaica, "Behemoth" é uma criatura gigantesca e brutal. Em nossa realidade, esse monstro é o capitalismo. E ele continua a criar seus potenciais coveiros.

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