Doses maiores

2 de dezembro de 2019

Nas origens da Inteligência Artificial, uma bomba de hidrogênio

Nick Dyer-Witheford  aponta uma possível origem da Inteligência Artificial em seu livro “Cyber-Proletariat”.

Em 1º de novembro de 1952, a ilha Elugelab, no Pacífico, foi desintegrada em um teste da primeira bomba de hidrogênio, cerca de 500 vezes mais destrutiva que os artefatos que atingiram Nagasaki e Hiroshima.

Para o sucesso da detonação foi fundamental a utilização de um computador batizado de AMINC (Analisador Matemático de Integração Numérico-Computadorizada).

O AMINC foi o primeiro computador a contar com uma memória de acesso aleatório. Desse modo, ele rompia com a distinção entre números que significam coisas e números que fazem coisas. Trata-se do protótipo de todos os mainframes, minicomputadores, PCs, laptops e tablets que vieram depois.

Em seguida, a cibernética consolidou a ideia do "ciclo de retroalimentação", que permite a um ente, biológico ou mecânico, negociar com seu ambiente. Um princípio que tornou possível programar robôs para se auto-reproduzirem.

Já a Teoria Matemática da Comunicação, de Claude Shannon, demonstrou que os computadores poderiam não apenas ampliar a capacidade de comunicação humana, mas comunicarem-se exclusivamente entre eles.

Nessa época, as máquinas já executavam grandes parcelas do trabalho industrial. Mas os trabalhadores ainda podiam desligá-las, fazendo valer seu poder coletivo.

Aquela explosão nuclear no Pacífico conjugada aos posteriores desenvolvimentos da cibernética não apenas capacitaram as máquinas a substituir o trabalho intelectual. Também passaram a afetar a capacidade de resistência dos trabalhadores.

E não deixa de ser significativo que a Inteligência Artificial, tal como a conhecemos hoje, tenha começado com uma bomba atômica e um computador cujo nome em inglês era Mathematical Analyzer, Numeric Integration and Computer ou... MANIAC.

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