Doses maiores

16 de dezembro de 2019

Perdendo tempo, energia, vidas...

Não nos iludamos: desde sua ascensão Bolsonaro não perdeu poder, ele se fortaleceu (...). O seu modus operandi não está em defender alguma pauta específica, mas em produzir crise permanente. Em conduzir a esquerda a jogar o seu jogo, a dialogar com o mito que representaria o povo e não com o próprio povo.

O trecho acima pertence a um ótimo artigo de Lincoln Secco, publicado em recente dossiê da revista Marxismo 21.

O texto cita a Conferência da Ação Política Conservadora, realizada em outubro de 2019, em São Paulo. Participaram do evento Eduardo Bolsonaro e o ministro da Educação. E este último proferiu palestra na qual denunciou o papel fundamental de “empresários comunistas” na sociedade brasileira e, ao mesmo tempo, sua associação com o... nazismo.

Esse é apenas um dentre os inúmeros disparates declarados todos os dias por vários membros do governo. O que dizer sobre eles, pergunta Secco:

Eles dialogaram com a consciência fragmentada dos seus aderentes. Sua falsidade é verdadeira para eles? Acreditavam os bolsonaristas na “mamadeira de piroca”? O riso que nós dedicamos a essas bobagens os torna ridículos ou, pelo contrário, reforça nossa condição de esnobes, petistas, ambientalistas, artistas, operários, funcionários públicos, empresários, parasitas etc?

Estas são apenas algumas das muitas questões que o historiador levanta, às quais só “movimentos coletivos vinculados à prática” seriam capazes de responder. Mas, perguntaríamos nós, que práticas seriam essas?

Certamente, não as que se acanham nos limites do calendário eleitoral. Pois esta seria só mais uma forma de continuar desperdiçando tempo e energias que muito dificilmente teremos como recuperar. Para não falar das vidas perdidas.

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A esquerda precisa olhar para os extremos (1)

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