Quase não se fala da
avalanche de calúnias contra Corbyn nas redes virtuais e da cobertura
abertamente negativa que a grande imprensa dedicou a sua candidatura.
Boris Johnson é um
racista, homofóbico, misógino, mentiroso. Mas Corbyn teve que passar a campanha
toda se defendendo de acusações de antissemitismo apenas porque apoia a causa
palestina.
Poucos analistas
levaram em conta o fato de que o radicalismo dos trabalhistas resumiu-se a
retomar o programa do partido de 40 anos atrás, utilizado naquele momento para
neutralizar a esquerda radical.
As dificuldades dos
trabalhistas em lidar com o Brexit também pesaram muito, claro. Mas a verdade é
que mesmo na decantada “democracia britânica” já não há o menor espaço para
qualquer proposta que apenas reduza a velocidade da marcha neoliberal rumo à
catástrofe econômica para a grande maioria.
Muito provavelmente,
uma vitória trabalhista com base em um programa moderado só levaria a mais
moderação durante o exercício do mandato. Portanto, a novas frustrações e ao
rápido retorno da direita à chefia do governo.
O fato é que a disputa
eleitoral se revela cada vez mais como aquilo que sempre foi: elemento
meramente tático. Estratégica, mesmo, somente a aposta na presença cotidiana da
militância junto à luta dos explorados e oprimidos.
A disputa eleitoral
deveria ser apenas uma trincheira tão importante quanto provisória. Mas pode
tornar-se tão definitiva quanto uma tumba.
Camarada, sobre as eleições britânicas, uma coisa me deixou intrigado: se a sociedade estava rachada em relação ao BREXIT e ao governo de Boris Johnson, como o mesmo ganhou com toda essa folga? Não vi nada comentando sobre isso. Poderia discorrer?
ResponderExcluirAo que parece, foi uma coisa do tipo "antes um fim com terror que um terror sem fim". Os trabalhistas teriam sido muito dúbios em relação ao Brexit. A população teria resolvido dar um basta definitivo nessa confusão. E parte da base tradicional dos trabalhistas (operários mais velhos, etc) votou nos conservadores devido a isso. E tem que levar em conta também uma certa sabotagem dos setores neoliberais no interior do Partido Trabalhista (o "newlabor"). Enfim, mais confusão...
ExcluirAbraço!