Doses maiores

5 de dezembro de 2019

Os desafios estratégicos do ciberproletariado

Em seu livro “Cyber-Proletariat”, Nick Dyer-Witheford cita o “Manifesto Aceleracionista”, publicado por Williams e Srnicek em 2013. O documento defende a reprogramação de plataformas materiais de produção, finanças, logística e consumo para fins pós-capitalistas.

Ao mesmo tempo, o autor se refere ao coletivo anarquista Tiqqun, que em seu ensaio "A Hipótese Cibernética" (2001) questiona “se a criação de sistemas cibernéticos comunistas de larga escala não recriaria alienações semelhantes à versão capitalista”.

Mas para Dyer-Witheford, o comunismo não seria nem uma aceleração das tendências do capital nem sua pura negação. Seria uma espécie de derivação diagonal rumo à dissolução das relações capitalistas e, desse modo, à extinção da dominação do trabalho fixo ou morto sobre o trabalho vivo.

Ele menciona, por exemplo, algumas atividades fundamentais da reprodução humana. Parto seguro, cuidado amoroso, provisão de comida, água, segurança ambiental, coletividade e educação. Para os comunistas, atividades semelhantes dizem respeito à corporalidade da espécie. “Não são transferíveis para autômatos de metal (ou silício), como querem a cibernética e o capital”, diz o texto.

Outro grande desafio para os comunistas contemporâneos seria encontrar formas de atuação que envolvam não a rebelião cega, mas a greve, a revolta politizada, a ocupação e o “hackeamento”. Essa seria a única possibilidade de inviabilizar um futuro determinado pela acumulação capitalista.

Contudo, para dar conta dessas tarefas, o autor considera indispensável criar novas formas organizacionais. Ele cita cinco pontos relacionados a essa questão: 1) Corpos; 2) Sindicatos; 3) Configuração em Redes; 4) Transições e 5) Prontidão.

Mais detalhes sobre este importante aspecto que encerra a obra de Dyer-Witheford ficam para a próxima pílula.

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