Nos primeiros momentos
após o golpe de 1964, a ditadura recém-implantada baixou uma série de medidas
antidemocráticas e repressivas. Eleições foram anuladas, partidos fechados,
mandatos cassados. Vieram o Sistema Nacional de Informações, a censura e a perseguição
a intelectuais e artistas.
Um dos focos de
possível resistência era o movimento sindical. Por isso, centenas de sindicatos
dirigidos pela esquerda tiveram suas direções substituídas por interventores.
Foram feitas 452 intervenções em sindicatos e 49 em federações e confederações,
só no primeiro ano após o golpe. Até 1970, ocorreriam mais 200 delas.
O Comando Geral dos
Trabalhadores teve 17 de seus lideres condenados a 184 anos de prisão, no
total. Greves foram proibidas.
Três anos após outro
golpe, o de 2016, os sindicatos seguem funcionando. Mas esvaziados. Os números
são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE,
divulgados em recente reportagem da “Isto É”:
Em
apenas um ano, 1,552 milhão de trabalhadores deixaram de ser sindicalizados em
todo o Brasil. Em cinco anos consecutivos de reduções, os sindicatos já
perderam 3,098 milhões de trabalhadores sindicalizados.
Não se pode descartar
uma guinada ainda mais à direita no cenário político. Mas, por enquanto, o
caráter gradual do golpe do impeachment vem sendo suficiente para ir
desdentando a resistência popular. Ainda que as mortes no campo e periferias
não tenham nada de graduais.
Lacerda e Juscelino
apoiaram o golpe militar apostando em sua vitória nas eleições presidenciais
que nunca aconteceriam. Hoje, políticos de direita fazem o mesmo.
Compreensível. Preferem ainda menos democracia aos riscos representados por sua
ampliação.
Incompreensível é que
lideranças de esquerda arrisquem a mesma aposta.
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