Doses maiores

9 de dezembro de 2019

Fragmentação social e conformismo institucional

Nick Dyer-Witheford, com “Cyber-Proletariat”, Shoshana Zuboff, autora de “TheAge of Surveillance Capitalism” (A era do capitalismo de vigilância) e Paolo Gerbaudo, que publicou “The Digital Party”.

Os estudiosos acima são apenas alguns dentre dos que têm entre suas maiores preocupações as dificuldades que as classes dominadas encontram em se organizar para resistir às atuais formas de acumulação e domínio pelo capital.

Um dos aspectos mais importantes dessas dificuldades seria a fragmentação crescente da vida social. E, com ela, a ausência de uma classe trabalhadora como agente capaz de se reconhecer e se organizar coletivamente.

Para o filósofo francês Gilles Deleuze, a sociedade contemporânea levou a fragmentação social ao nível mais pessoal. O que parecia indivisível já não é. Por isso, criou o conceito de “dividual”, em oposição ao “individual”.

Na era da digitalização da vida, esse estilhaçamento ficaria evidente com a onipresença das redes virtuais no cotidiano da imensa maioria das pessoas. O resultado seria uma sociedade sem unidade, sem sujeitos. Mas não sem política.

As classes dominantes quase sempre souberam manter sua unidade na hora de apelar a reações violentas e ao conservadorismo extremado quando foi necessário. Seja diante da radicalização da resistência operária e popular, seja quando a competição capitalista obriga a rearranjos entre seus setores.

Estamos vivendo outro desses momentos. Mas não se trata apenas de mais um ciclo. Acumulam-se sinais de que as crises tornam-se cada vez mais graves e ameaçadoras para o destino de grande parte da humanidade.

Felizmente, a história sempre apresenta caminhos alternativos. Mas é preciso saber reconhecê-los. E nenhum deles passa pelo mesquinho conformismo à política institucional.

Leia também: Os desafios organizacionais do ciberproletariado

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