Em artigo publicado no livro “Marx tardio e a via russa”, Teodor Shanin revela que Marx chegou a conviver com marxistas que julgavam saber melhor do que ele o que era ser marxista. Algo que o irritava tanto que, certa vez, negou-se a declarar-se marxista.
Quando jovem, Marx escolheu como seu lema favorito "Duvidar de tudo". E seus rascunhos e anotações tardios são uma prova clara de que jamais abriu mão desse princípio.
O que alguns consideravam ser indícios de senilidade, era fidelidade à sua inquietação criativa e coerência em relação a objetivos revolucionários nunca abandonados.
Os estudos que fez sobre os então recentes achados antropológicos da década de 1870, por exemplo, levaram Marx a descobrir nas sociedades ditas primitivas elementos para a construção do comunismo do futuro.
Olhar para trás também era permitido.
Se havia sinais de que uma transição para o comunismo seria possível na Rússia semifeudal, explorar essa possibilidade importava mais que as verdades sagradas do socialismo oficial.
Foi com a Rússia e com os populistas russos que Marx começou a perceber elementos que só se mostrariam válidos nos processos revolucionários do século seguinte na própria Rússia, mas também na China, em Cuba, no Vietnã...
Mas para a Segunda Internacional que endeusou Marx, com direito a escrituras sagradas elaboradas por sacerdotes, tudo isso não passava de heresias. Foi com esse dogmatismo que Lênin, Trotsky e outros romperam tornando vitoriosa uma improvável revolução socialista.
É verdade que Marx acabaria sendo mumificado e estatizado pelo estalinismo. Felizmente, ainda restam muitos que preferem aliar-se a Marx contra certos marxistas e pela revolução.
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Realmente, todos dizem que o Marx não se considerava marxista. Ainda mais no seu tempo e em vida, no qual Marx não era MARX. Imagino hoje o que ele acharia. Mesmo contra a sua vontade, os marxistas, assim como os alquimistas (fala Jorge), sendo os primeiros não tão ecléticos e sobre paradigmas diferentes dos segundos, estão chegando e estão aí. Fico impressionado como uma teoria conseguiu a colaboração de tantos intelectuais, ao longo de tanto tempo, e chegando a um número tão grande de pessoas, até mesmo os que a combatem sem terem lido a orelha do livro O Capital. Apesar de Marx não ser um futurólogo, muito pelo contrário, será que ele poderia imaginar isso? É Serginho, gostaria muito de saber o que Marx pensaria sobre os marxistas, mas mais ainda sobre o capitalismo atualmente. Li ontem à noite e não me inspirou comentar, hj acordei melhor, reli, e veio a vontade. Boa Pílula de uma discussão que não vai acabar, assim como, espero, dos marxistas. Bjs.
ResponderExcluirA força do marxismo é exatamente sua capacidade de intervir no mundo. Mesmo que seja acusado de jamais ter como conseguido alcançar seus objetivos, o fato é que os marxistas mudaram o mundo, mesmo que não necessariamente na direção que muitos deles queriam. Mas principalmente incomodaram muito os poderosos mais nocivos da história da humanidade. Só por isso, já merecem todo o respeito.
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