A resposta da climatologista, Ruth Mottram, do Instituto Meteorológico Dinamarquês resume a preocupação que mais apareceu na consulta:
Estou menos preocupada de que estejam ocorrendo processos desconhecidos que não entendemos, e de que alguma catástrofe imprevista possa estar a caminho. Sabemos como será grande parte dos impactos. Acho que o que me deixa acordada à noite, no sentido metafórico, é realmente a interação entre o sistema físico e como as sociedades humanas vão lidar com ele.
De fato, não há nada mais preocupante no cenário atual que o elemento humano. Basta considerar a forma desastrosa como a pequena minoria que detém o poder no planeta vem lidando com a pandemia.
Não se trata apenas de alguns irresponsáveis que vêm desgovernando grande parte do planeta. Os governantes, em geral, têm tomado decisões preocupados muito mais com poderosos interesses econômicos.
Talvez, uma das origens desses problemas esteja nas décadas de desprezo dispensado às ciências sociais, enquanto se priorizam as chamadas “ciências duras”, com sua exatidão completamente míope em relação ao que ocorre na alma humana.
Quanto aos saberes das áreas biológicas, com destaque para a Medicina, tornaram-se cada vez mais enrijecidos por especializações tecnológicas que tratam órgãos, não pessoas. Abandonam a saúde para lucrar com a doença.
Não à toa, muitos médicos estão na vanguarda do atraso, receitando tratamento precoce à base de cloroquina.
Realmente, durma-se com um barulho desse.
Leia também:
Da ausência de controle ao descontrole
O Ebola e a pior das epidemias
Nenhum comentário:
Postar um comentário