Doses maiores

19 de abril de 2021

A luta dos entregadores contra os patrões sem rosto

Entregadores de aplicativos como Rappi, Uber Eats e iFood organizaram uma grande manifestação no dia 16/04/2021, em São Paulo. Mais de 500 motociclistas saíram do estádio do Pacaembu e seguiram pela Marginal Tietê. Protestavam contra as baixas taxas praticadas pelas empresas e exigiam vacinação imediata.

Se enormes contradições já vinham empurrando a categoria para a luta nos últimos quatro ou cinco anos, a pandemia radicalizou a situação. A demanda por seus serviços aumentou e se tornou essencial, mas isso não refletiu em melhores condições de trabalho.

Ao contrário, recente estudo feito pelo Ministério Público do Trabalho, junto com universidades federais, mostra que 59% dos entregadores passaram a receber menos com as plataformas durante a pandemia.

Diante disso, ganha ainda mais relevo o lançamento do livro "Delivery Fight! - A luta contra os patrões sem rosto", do militante britânico Callum Cant. A publicação está em pré-venda pela Editora Veneta, com previsão de lançamento para 31/05/2021.

Cant participou de várias campanhas e greves entre 2013 e 2017, trabalhando como entregador, enquanto fazia doutorado em Sociologia. Rapidamente, ele e seus companheiros descobriram que estavam submetidos a um regime de trabalho que desmentia completamente o discurso em defesa dos aplicativos. O que os criadores dessas plataformas chamam de parceria não passa de exploração.

É o caso do Deliveroo, equivalente do Ifood na Inglaterra. Foi com esse aplicativo que Cant trabalhou por mais tempo. Daí, o nome de seu livro em inglês: “Riding for Deliveroo”. Será esta edição que iremos comentar nas próximas pílulas.

Mais que esclarecedores, os relatos de Cant mostram que sempre há esperança onde há resistência e luta.

Leia também: Os entregadores e a política das ruas

Um comentário:

  1. Na falsa premissa do mundo capitalista, espera-se que com o aumento da procura, aumente o valor do produto. No caso da pandemia, aumentando a procura de entregas, esperava-se que aumentasse o valor do produto (trabalho de entrega), como vc diz. Só que o produto trabalho tem um exército de reserva, que pode aumentar ainda mais com a falta de outro lugar onde os trabalhadores possam colocar sua força de trabalho. Acho que isso pode explica o "mistério" do valor do trabalho de entrega ter ficado menor. Aguardando respostas nas próximas Pílulas. Abraço.

    ResponderExcluir