Os iroqueses são um povo nativo do norte do continente americano, ainda muito numeroso. Alguns aspectos de seu modo de viver mereceram destaque especial nos chamados “Cadernos Etnológicos”, de Karl Marx. Trata-se de anotações sobre estudos de vários antropólogos, feitas por ele em 1883, pouco antes de morrer.
Esse material só foi publicado em 1974. Portanto, muito tempo depois de consolidada a imagem de um Marx eurocêntrico entre seus críticos, mas também entre alguns de seus seguidores.
Os trechos comentados aqui são do artigo “Karl Marx and the iroquois”, de Franklin Rosemont, ainda sem tradução do inglês.
Entre os cientistas estudados por Marx, estava Louis Henry Morgan, cujas observações sobre os iroqueses ganharam atenção especial. Na verdade, diz Rosemont, elas constituem uma das maiores seções dentre as anotações de Marx.
No entanto, afirma o autor, não era apenas a organização social iroquesa que atraía Marx, mas sim todo um modo de vida que se contrapunha nitidamente à civilização industrial moderna, em várias dimensões.
Marx cita particularmente uma carta enviada a Morgan por um missionário que vivia entre os Sêneca, um dos povos iroqueses. Segundo o relato transcrito por Rosemont:
As mulheres eram a grande força entre os clãs, como em todos os outros lugares. Quando a ocasião exigia, elas não hesitavam em “arrancar os chifres da cabeça de um chefe”, expressão utilizada para o ato de mandá-los de volta às fileiras dos comandados. A nomeação original do chefe também sempre foi atribuição delas.
Então, as mulheres eram as verdadeiras chefas entre os iroqueses? Não exatamente. Mas esta questão ficará melhor esclarecida na próxima pílula.
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Errata: A primeira versão desta pílula dizia que o povo iroquês está "quase desaparecido". Graças à oportuna correção do camarada Sean Purdy, agora sabemos que os iroqueses vivem em grande número nas províncias canadenses de Ontário e Quebec e no estado de Nova York. E que suas reservas estão entre as maiores nos dois países, sendo bastante organizados e militantes.
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