Doses maiores

1 de abril de 2021

Em meio à guerra híbrida, o PT e suas serpentes

A responsabilidade principal pelo golpe foi dos que o deram e não dos que o sofreram. Os vencedores contaram, no entanto, com a ajuda dos perdedores. Como um Ulisses às avessas, a esquerda tinha criado suas próprias sereias a cujo canto sucumbiu. Não foi preciso um Zeus para as enlouquecer.

As palavras acima são do historiador José Murilo de Carvalho, sobre o Golpe de 1964. Foram citadas no livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”, de Piero Leirner. O autor as escolheu para destacar a contribuição involuntária do PT para a derrota de seu próprio governo concretizada pelo impeachment de 2016.

Leirner lembra que ao assumir a presidência, em 2015, Dilma iniciou uma reversão dos rumos que haviam orientado seu primeiro governo. Passou a acenar com medidas “pró-mercado e pró-grandes corporações”.

Mas ainda no primeiro mandato, Dilma assinou uma série de leis e ratificou políticas que prepararam o terreno para o golpe. Entre elas, a liberação das prisões preventivas; a Lei das Organizações Criminosas (que legalizou as delações premiadas) e, claro, a Lei Antiterrorismo.

Desse modo, diz ele, a presidenta acabou criando os meios que possibilitariam o desfecho da “equação” montada pelos militares, que desde a formação da Comissão da Verdade, em 2012, declaravam publicamente: “O PT é uma organização criminosa que visa desestabilizar as Forças Armadas e com isso causar a divisão e o caos no País”.

“Dilma, enfim, caiu em dissonância cognitiva e suas ações passaram a operar em função dos interesses do consórcio militar”, conclui Leirner.

Mas, dessa vez, parece que não foram sereias que a esquerda criou. Serpentes não cantam.

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