No final do século 16, cada vez mais camponeses procuravam abrigo na região do Don, na Rússia. Nela viviam cossacos cujo território estava aberto a receber refugiados de todo tipo: piratas, fugitivos e pequenos criminosos. Reunidos, formavam uma sociedade sem senhores e fora do alcance da lei.
A região do Don representava uma promessa de terra e liberdade. De cooperação, autossuficiência e mutualismo, em vez de servidão. Mas também era um lugar onde os cossacos resistiam a diversos povos que ameaçavam a integridade territorial russa. Formava uma “zona tampão” entre o império e potenciais invasores. Em troca de detê-los, o estado czarista concedia-lhes autonomia territorial. Um pacto de lealdade.
O problema é que os cossacos enfrentavam grande escassez de recursos essenciais. Dependiam do Império Russo para o suprimento de muitos deles. Aos poucos, o poder czarista se aproveitou disso. No final do século 19, a autonomia cossaca já não existia.
A experiência de dissolução do exílio cossaco é um antídoto para o utopismo ingênuo, concluem os autores. Aponta para os perigos das sociedades de exílio, incluindo os riscos envolvidos nas políticas de barganha de lealdade. No entanto, mesmo aqui há vislumbres de esperança, afirmam eles.
O surgimento de conselhos descentralizados no Don comprovam o que defendia Kropotkin. Para ele, o desejo humano de praticar a ajuda mútua está à espreita sob a superfície das instituições individualistas possessivas modernas ou pós-modernas. Sempre procurando oportunidades para surgir.
Na próxima pílula, a experiência exílica dos zapatistas.
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"riscos envolvidos nas políticas de barganha de lealdade". Pensei logo na gestão petista do Capital. Se não aproveitarmos que Lula ganhou sozinho a eleição presidencial, para consolidar estruturalmente "reformas", vamos perder o bonde...
ResponderExcluirAh, mas acho que se depender só dele, não tem barganha que vá além da tal governabilidade. E, pelo jeito, vamos depender só dele por algum tempo.
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