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13 de janeiro de 2023

O  abismo da estranheza

Vale da estranheza é uma hipótese surgida nos campos da estética, robótica e computação gráfica. Segundo ela, quando réplicas humanas se comportam de forma muito parecida, mas não idêntica, a seres humanos reais, provocam repulsa em observadores humanos. O "vale" em questão refere-se a um gráfico que mede a reação positiva de um ser humano diante da verossimilhança de um robô. A expressão foi criada pelo professor Japonês de robótica, Masahiro Mori.

A hipótese de Masahiro diz que, à medida que a aparência do robô vai ficando mais humana, a resposta emocional do observador humano em relação ao robô vai se tornando mais positiva e empática, até um dado ponto onde a resposta rapidamente se torna uma forte repulsa. Entretanto, à medida que a aparência volta a ser menos distinguível de um ser humano, a resposta emocional passa a ser positiva novamente.

São aquelas sensações que temos ao ver um personagem humano com pretensões realistas em um videogame e uma caricatura divertida de desenho animado. O primeiro dificilmente será mais simpático que a segunda. Essa área de resposta repulsiva gerada entre um caso e outro é o vale da estranheza.

A definição acima é da Wikipedia. A hipótese serve também para a produção de animações computadorizadas utilizadas em filmes, anúncios, avatares, videogames, etc.

Mas, talvez, seria o caso de utilizá-la para certos processos que acontecem no convívio social. Mais especificamente, naquelas relações que vão da familiaridade simpática ao estranhamento e, finalmente, caem na mais forte repulsa. E se isso valer para a atual polarização política, estamos perigosamente próximos de um abismo da estranheza.

Leia também: Uma etnografia dos delírios do fascismo nacional

2 comentários:

  1. Interessante, tenho essa mesma reação com imagens semelhantes às humanas, por exemplo, filmes que imitam humanos me causam muita estranheza e repulsa.

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  2. Sim, é por aí. Aquele filme Expresso Polar, por exemplo, em que o
    personagem principal é o Tom Hanks digitalizado. Não chega a ser
    repulsivo, mas tá no limite.

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