Lula subiu a rampa acompanhado de uma mulher negra, liderança dos catadores de materiais recicláveis; do cacique Raoni; de um menino negro; um metalúrgico; um professor; uma cozinheira e um militante em defesa de pessoas com deficiências.
Todos encarnados em representatividade. Mas quem viu a cena do ponto de vista da sagrada tradição das lutas populares, enxergou muito mais gente subindo aquela rampa.
Estavam presentes os espíritos de Palmares, Canudos, Contestado, Conjuração Baiana, Revolta Malê, Cabanagem, Sete Povos das Missões. Também compareceram Sepé Tiaraju, Zumbi, Marighella, Chico Mendes, Dorothy Stang, Marielle, Bruno, Dom e muitos outros que adotaram o ex-metalúrgico e eterno sertanejo como seu cavalo de santo. Aquele que recepciona a energia de resistência popular. Aquela que nunca se acaba, apenas se transforma.
É certo que também havia os espectros de capitães-do-mato, bandeirantes, cangaceiros, jagunços, carrascos, torturadores e fascistas. Pois a mediunidade de Lula encarna as contradições da luta de classes da história nacional. Atrai não apenas os bons espíritos, mas também arrasta consigo os piores.
Lula tomou posse ao mesmo tempo em que era possuído. Governo de frente ampla pode até ser de salvação nacional, mas tanto invoca como é presa de coisas ruins.
É verdade que, durante a posse, o ar estava leve e limpo como nas matas guardadas pelos orixás e encantados. Mas criaturas malignas continuam circulando pelo terreiro nacional. Foi o que se viu ontem, na Praça dos Três Poderes. Por algumas horas, imperou o poder trevoso do fascismo bolsonarista, enquanto as forças da ordem conjuravam a desordem.
É resistência, povo lutador! Mbaraeté! Empunhemos com firmeza o machado de Xangô!
Leia também: Lula, o cavalo do terreiro nacional
Imagem que inspira, e pílula que potencializa a realidade!
ResponderExcluirObrigado, querida. Beijos
ResponderExcluirBonito. Saravá
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