Sexo sai caro. Requer laboriosas
programações genéticas para a ligação de cantares e danças, para produzir
feromonas sexuais, para desenvolver armações heroicas utilizadas apenas para
derrotar rivais, para estabelecer peças de engrenagem, movimentos ritmados e um
entusiasmo mútuo pelo sexo.
O trecho acima é do livro “Sombras de antepassados
esquecidos”, de Carl Sagan e Ann Druyan. Os autores, no entanto, defendem o
sexo como um investimento que vale a pena. Não fosse pela reprodução sexuada,
seríamos como as paramécias. Este microrganismo unicelular e assexuado tem
milhões de anos, mas seus últimos exemplares são idênticos aos primeiros.
“Uma única bactéria reproduzindo-se duas vezes por hora deixará
um milhão de gerações sucessivas durante o nosso tempo de vida”. Todas iguais. Portanto,
estaríamos falando de espécies que desfrutam de uma certa imortalidade, afirmam
os autores.
É verdade que a reprodução sexuada dá trabalho, mas ela “rejuvenesce
o DNA, revigora a geração seguinte”. Permite a diversidade e as mutações que
dão origem a espécies mais complexas. Além disso, deu origem ao indivíduo,
resultado singular da união de outros indivíduos.
Por outro lado:
Há bilhões de anos foi estabelecido um
acordo: os prazeres do sexo em troca da perda da imortalidade pessoal. Sexo e
morte: não é possível ter o primeiro sem ter a última.
Pois é, se para o poeta o amor é infinito enquanto dure, a
ciência, de seu modo nada romântico, também pode chegar a conclusões semelhantes
em relação ao sexo. Mas, talvez, seja apenas uma forma bem diferente de abordar
o conflito freudiano entre Eros e Thanatos.
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