Paulo Leminski escreveu uma pequena biografia de Trótski,
que é também um brilhante sumário da Revolução Russa.
Comecemos por um acontecimento fundamental para a vitória
de 1917. Trata-se da Revolução de 1905. Foi nela que surgiram os sovietes:
...uma forma primária e original de
democracia popular, nascida sem interferência das elites revolucionárias da intelligentsia. Uma democracia de baixo para cima,
trabalhadores votando livremente em seus representantes, acatando suas
deliberações, acompanhando suas diretrizes.
“A elite revolucionária foi apanhada de surpresa”, diz o
poeta. Segundo ele:
Num primeiro momento, sempre zeloso da
unidade de esforços e do papel condutor do Partido, Lênin condenou os sovietes,
a democracia soviética. Certamente, os sovietes lhe pareciam forças
desagregadoras, dispersivas, centrífugas. O bom andamento da revolução, agora,
teria que contar com a laboriosa orquestração de centenas de assembleias de
trabalhadores, broncos, primários, teoricamente desequipados, comparados com os
brilhantes quadros de marxistas bolcheviques e mencheviques.
Nessas alturas, nem Lênin nem Trótski
ainda concebiam a ideia de uma revolução e de um Estado totalmente baseado na
classe trabalhadora, operários e camponeses. Diante da fraqueza da classe trabalhadora,
alguma espécie de coalizão com a pequena burguesia e os estratos
semiproletários seria inevitável, para o êxito da Revolução.
O atraso histórico da Rússia
justificava a dúvida: revolução burguesa ou proletária? E qual seria a parte
que caberia ao proletariado, na nova sociedade?
Os dois revolucionários responderiam a essas questões de
forma determinante para a vitória de 1917.
Leminski, o anarquista, não deixa de denunciar vários
elementos de autoritarismo e conservadorismo presentes no processo
revolucionário. Mas jamais diminui sua enorme importância histórica para a luta
socialista.
Leia também: Trótski e Leminski, companheiros de exílio
Bom. Aguardo o próximo capítulo.
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