Você tem hoje uma massa enorme de
jovens que entraram no mercado de trabalho num mundo onde as perspectivas de
longo prazo já não existem mais. Você já tá tendo que pular de um emprego ao
outro. Você tá numa busca desenfreada por certificados. Trabalha o dia todo,
vai pra faculdade à noite, tem que fazer um curso de inglês, de informática. E
quando você terminar o seu curso, vai fazer outro. Pra eles a situação não
piorou, efetivamente. Pra alguns setores da classe trabalhadora pode ter
piorado. Pra um jovem de 20 anos, não piorou porque sempre foi assim. Ele já
entrou nesse mundo assim.
(...)
Não existe longo prazo (...). Você
trabalha sempre com a perspectiva do próximo emprego, que vai durar seis meses.
Se passar de seis meses, vai durar um ano. Se durar um ano, vamos tentar fazer
durar um ano e meio. Se não durar um ano e meio, vou ter que ir atrás de outro.
(...)
Pra esse jovem que tá nessa situação,
a ideia de que você tem uma disputa política a fazer, que você pode se
organizar, entrar num partido e trabalhar num longo prazo, acumular forças,
como se diz na esquerda, isso pra ele não existe. Não existe acúmulo de forças.
Mal existe futuro.
Os trechos acima são de uma palestra do sociólogo
Henrique Costa apresentada no IHU-Online, em 17/05. Vale a pena assistir. Muito
do que fala esse jovem pesquisador faz pensar que há questões novas para uma
esquerda presa no antigo.
Mas o problema não é envelhecer. O perigo é caducar.
Leia também: A
pobreza da esquerda economicista
Oi Sérgio, são questões que andam inquietando a universidade faz tempo, a esquerda é que precisa despertar para o fenômeno. Minha pesquisa de mestrado de 1999 sobre juventude metalúrgica já mostrava isso, me inspirei no Richard Sennett que levanta isso tudo no "Corrosão do Caráter". "No future", o lema punk, lembremos...
ResponderExcluirÉ isso, aí Guina. O problema é o descompasso entre esquerda e academia. Lembro dos bons tempos em que era a academia que tinha que ficar atenta ao que fazia a esquerda.
ExcluirLi "Corrosão do caráter" há pouco tempo. Muito interessante. Valeu.
Bração!