Era 8 de novembro de 1917 no calendário russo, 26 de
outubro na contagem ocidental. No dia seguinte à tomada do poder pelos sovietes,
eis o que diz o livro “Os dez dias que abalaram o mundo” sobre Petrogrado:
...os bondes circulavam, as lojas e os
restaurantes estavam abertos, os teatros funcionavam, um cartaz chamava para
uma exposição de pinturas… Toda a complexa rotina da vida comum — monótona
mesmo em tempos de guerra — prosseguia normalmente.
Ou
seja, enquanto acontecia um dos maiores eventos da história moderna, havia
gente se divertindo na noite de Petrogrado.
Seria
isso um sinal de que a Revolução de Outubro foi apenas um golpe de estado?
De uma obra de minoria ressentida? De forma alguma.
O fato
é que há momentos em que a injustiça social é tão grande que cega os de cima,
mesmo sendo escandalosamente evidente para os de baixo. E o volume alto da
música, o ruído dos pratos e copos, abafam o som da revolta que se aproxima
perigosamente das folias das elites.
Não demorou
muito para que o povo russo iniciasse sua própria festa.
Em
2013, um baile de debutantes marcou a volta das diversões típicas da época do tzar. Foi em Londres e reuniu sessenta adolescentes de Rússia, Estados Unidos, Malta e Grã-Bretanha.
Estavam presentes descendentes da família Romanoff, expulsa do poder
pelas revoluções de 1917.
Há quem
enxergue no atual período paralelos com o início do século passado. Revoluções
não parecem estar no horizonte. Mas as classes dominantes continuam a se deixar cegar
e ensurdecer por farras monumentais feitas às custas de muita injustiça social.
Serginho, lembou Maiakóviski: "Come ananás, mastiga perdiz. Teu dia está prestes, burguês". Conhecia este trecho do poema, mas quando fui colocar na internet para ver direitinho como era, me deparei com este link, dá uma olhada na surpresa: http://www.cpvsp.org.br/upload/cartazes/pdf/CAPARSP1990092.pdf. Dá uma olhada no final. Teria a ver com a gente? Pela citação parece que teria mais a ver, mas a fonte não é bem a nossa.
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