Ela foi a primeira mulher a integrar o primeiro escalão de
um governo. O governo bolchevique nos anos de 1917-1918. Também foi a primeira
mulher a ser nomeada embaixadora. Estamos falando de Alexandra Kollontai.
Mas muito anos antes de se tornar uma grande liderança da
Revolução Russa, ela já era incansável militante da luta pelos direitos e pela
liberdade das mulheres no movimento socialista. Sempre enfrentando resistências
no interior do Partido Bolchevique e da esquerda em geral.
Mas em sua autobiografia chama a atenção um outro tipo de
dificuldade:
...é preciso dizer que eu ainda estou
muito longe de ser o tipo de mulher positivamente nova. (...) ainda pertenço à
geração de mulheres que cresceu num momento crítico da História. O amor e suas
muitas decepções, com suas tragédias e eternas reclamações pela perfeita
felicidade, ainda cumpriram um papel muito importante em minha vida. Um papel demasiado
importante!
Alexandra refere-se às inúmeras vezes em que “o amor
transformava-se em algema”. Esses momentos surgiam quando seu companheiro passava
a ver nela:
...somente o elemento feminino, o qual
tentava transformar em uma conveniente caixa de ressonância do seu próprio ego.
E dessa forma, repetidas vezes chegou o inevitável momento em que tive que me
desembaraçar das correntes da comunidade com um coração dolorido, mas com uma
vontade soberana e não influenciada.
Exatamente por isso, Alexandra nunca deixou de lutar por “uma
nova moral sexual”, como “alvo mais elevado” de sua atividade e de sua vida. Uma
luta que mostra que até as maiores revoluções representam apenas os primeiros
passos em qualquer processo de verdadeira libertação humana.
Só é bom lembrar que no final de sua vida aderiu ao stalinismo, no período em que as conquistas das mulheres e dos gays estavam sendo destruídos. A despeito desta sua vergonhosa posição, seus textos continuam imprescindíveis.
ResponderExcluirA autobiografia que o texto cita foi publicada em 1926. Muito antes da morte dela, em 1952. A nota de esclarecimento da editora diz que ela chegou a apoiar a Oposição de Esquerda contra Stálin, mas acabou se adaptando à situação, morrendo no ostracismo.
ExcluirValeu!