Doses maiores

30 de maio de 2017

Curtas & boas

Uma seleção de trechos da edição de 28/05, da Folha.

Para começar, Bernardo Mello Franco lembra que:

...em outubro de 1984, o cacique e deputado Mario Juruna convocou a imprensa para fazer uma denúncia contra si mesmo. Ele havia recebido propina do empresário Calim Eid para votar em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral.

Arrependido, continua o colunista, o líder indígena foi ao banco devolver 30 milhões de cruzeiros.

Como Tancredo Neves venceu a disputa, ninguém quis investigar as suspeitas de suborno e caixa dois. Eid seguiu carreira como operador do malufismo. Juruna ficou desacreditado e não conseguiu se reeleger.

O historiador José Murilo de Carvalho explica que “se em 1930 votavam 5% da população, em 1945 já foram 13% (...), aí incluídas as mulheres”. Em 1960, os eleitores chegaram a 18%. Em 1986, 47%. E em 2014, eram 71% dos brasileiros, cerca de 140 milhões de pessoas.

Para ele, o sistema político nacional é incompatível com este crescimento da participação popular.

Talvez, as cada vez mais frequentes crises de representação sejam uma espécie de reação alérgica das classes dominantes ao povo.

Por fim, Elio Gaspari lembra “que 60% da população carcerária brasileira é composta por negros. Mas a Lava-Jato não prendeu um único negro”. Ao contrário, a operação teria “pegado sobrenomes ilustres”.

Faltou dizer que enquanto grande parte da população carcerária está presa mesmo sem qualquer sentença judicial, só alguns poucos dos muitos investigados pela Lava-Jato foram condenados. E, dentre estes, vários estão soltos. Seu único constrangimento é o de serem obrigados a usar tornozeleiras eletrônicas enquanto viajam, fazem compras e frequentam suas próprias piscinas.

Leia também: Para bom entendedor, meia palavra bas...

2 comentários:

  1. É, muito interessante a observação da lava-jato não ter prendido um só preto. O crime do colarinho branco é coisa de brancos. Boa lembrança também do Juruna, branco que nega tá solto e vai continuar recebendo votos, e índio que assume e se arrepende, a população condena não o elegendo mais.

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    1. Pois é, o sistema de dominação é tão racista que aos pretos nem lhes é dada a oportunidade para ocupar cargos onde os crimes de colarinho branco são cometidos.
      Bração!

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