Todos
os robôs sapiens reconhecem o direito de revolução, isto é, o direito de
recusar lealdade ao governo, e opor-lhe resistência, quando sua tirania ou sua
ineficiência tornam-se insuportáveis.
A frase acima é uma adaptação
feita por José Eustáquio Diniz Alves sobre um trecho do livro “Desobediência
Civil”, de Henry Thoreau, de 1849. A palavra “homens” foi substituída por “robôs
sapiens”.
No artigo “A desobediência civil dos robôs sapiens”, publicado na EcoDebate em 14/08, Alves discute
as implicações da “união da robótica com a Inteligência Artificial”. Para ele,
confirmada a possibilidade da existência de robôs autônomos e com capacidade
cognitiva, seria muito difícil que eles obedecessem:
...como
carneirinhos, as determinações de um povo sentimental, egoísta, arrogante e,
além do mais, governado por figuras nada benignas como Bashar al-Assad, Donald
Trump, Kim Jong-un, Michel Temer, Nicolás Maduro e Rodrigo Duterte, dentre
outros.
Por outro lado, há quem
se preocupe “com o poder que as grandes corporações e o setor militar teriam
sobre os robôs superinteligentes e que poderiam escravizar a maioria da
população pobre e destituída dos meios de enfrentar essa ameaça, além de gerar
novas formas pós-modernas de colonialismo”.
Já o biólogo evolutivo Ben
Garrod, da Universidade Anglia Ruskin, acha que o maior problema com os robôs “não
é se eles se movem como nós ou se parecem conosco. O problema real virá quando
eles começarem a pensar como nós”.
É o que acontece com quem
se dedica a conceber criaturas à sua imagem e semelhança. Ou melhor, à imagem e
semelhança de uma determinada época da história humana e seus valores.
Leia também:
Inteligência artificial e
imbecilização histórica
Olá Sérgio. Não sei se você tem acompanhado a última moda da internet, de discutir se o nazismo era de direita ou de esquerda. Ví uma ótima contribuição ao tema que desmascara um dos principais faixa preta da falácia olavística. Se quiser dar uma olhada vou deixar um link: https://www.facebook.com/coisadenerd/videos/1398100476906203/
ResponderExcluirNão estou acompanhando, não, Rodolfo. Só ouvi falar. Vou ver se assisto o vídeo.
ExcluirObrigado
Abraço!
Ótima dica de leitura, camarada!
ResponderExcluirabraço
Valeu, grande Guina!
ExcluirAbraço
Oi mano, ótimo artigo e super atual. Um mundo automatizado não precisa de trabalhadores, menos ainda de miseráveis.
ResponderExcluirFicamos pensando no desenvolvimento de uma inteligência igual a humana ou superior, mas as vezes não acredito que se queira isso. Nós fantasiamos coisas, contamos piadas, recordamos filmes e novelas, pensamos em sexo, contas, filhos, nossa segurança e de quem amamos. Num artigo que vi no Terra, homens pensam em sexo cerca de 34,2 vezes por dia, o equivalente a uma vez a cada 28 minutos. Um androide seria criado para perder esse tempo com isso? Ou ficar melhor em economia e física. Nosso conhecimento vem da leitura, experimentação não compartilhada diretamente, observação, sentidos etc. Um androide seria criado para perder esse tempo? Ou a experiência de uma seria passada aos outros. Enfim o quanto do humano e do pensamento humano atrapalha ou atrasa o desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica, eficiente e lógica.
Não acredito que ser queira copiar o pensamento humano, mas algo diferente e fixado na eficiência. Alguma coisa que vi do pensamento pós-humano, vi que querem concertar os erros da natureza. O que para mim, no momento se aproxima desse algo diferente.
Acredito que essa busca da eficiência, que pode ter parto pela meritocracia, num futuro próximo pode nos convencer de que os laços familiares não dependam de um corpo físico.
E com a inteligência artificial aprendendo consigo mesma, talvez passemos a adotar robôs ao invés de ter filhos, numa tentativa mais moderna melhorar os descendentes.
Seja pela extinção dos trabalhadores, fusão com as máquinas ou outra coisa, acho que a uma das preocupações a se ter é se teremos vida para pensar em lutar por alguma coisa.
Se o plano for substituição gradativa da espécie, não vejo que seja necessário nada em especial como uma catástrofe, é só continuar o que em andamento, não investir em saúde pública, segurança, saneamento, meio ambiente. Continuar com a desigualdade social. A eliminação dos direitos trabalhistas e a redução dos benefícios também ajudam. Tempos difíceis ou começo do fim.
Parabéns
É por aí, mano. Boa argumentação. Fenômenos poderosos como este apresentam várias possibilidades. Das mais assustadoras às mais positivas. Infelizmente, no entanto, neste caso, as probabilidades não são muito esperançosas.
ExcluirValeu!
"Deus é fiel!" é uma frase que vejo em carros e aí lembro que parece reduzir Deus ao papel do cão que é conhecido como o mais fiel e melhor amigo do homem, mas também um dos nomes do demônio, do diabo, logo, a frase reduz Deus ao Diabo?! Não sei, mas Deus teria feito o homem à sua imagem e semelhança e teria dado a vontade livre ou o livre arbítrio para sua Criatura. Porém, teria imposto à sua Criatura, em consequência de sua quebra da Lei de Deus, sua submissão à Necessidade e/ou ao Determinismo de ganhar sua vida com o suor de seu rosto. Livre Arbítrio ou Livre Determinação, de um lado, e Necessidade ou Determinismo (Determinação Prisioneira), do outro: Eis o problema da emancipação humana que se torna igualmente o problema de como lidar com a Criatura dos Humanos, os Robôs. Hegel e Nietzsche ecoaram: "Deus está morto!". Foram os Humanos que o mataram?! Será este o destino dos Criadores Humanos dos Robôs?! Ou Deus vive nas Orações-Pensamentos e como Inteligência Divina é Imortal?! Ou os Humanos vivem nas Falas-Pensamentos e como Inteligência Natural é Vital?! O que querem os Humanos com a Inteligência Artificial?! Que os Humanos sucumbam para que ela venha a ser própria dos Super-Humanos, tal qual diria Nietzsche?!Que os Humanos se desenvolvam libertos da Necessidade/Determinismo para que ela venha Livre Arbítrio/Livre Determinação Comum com os Humanos?! Só conseguimos reproduzir as relações de Senhor e Escravo, Criador e Criatura como Eternas relações de Classes, de modo que por nossa própria Culpa nunca saímos da Menoridade (tal qual dizia Kant em "O Que É O Esclarecimento?") e/ou quando saímos é para reintroduzir ou reproduzir esta Menoridade nas relações dos Robôs com os Humanos e/ou nas relações dos Robôs que se libertaram dos Humanos e os Descartaram? Ou ao Socializarmos os Meios de Produção também nos Socializamos com os Meios de Produção de modo a nos admitirmos ambos igualmente como Forças de Trabalho (Robôs e Humanos), tal qual, talvez, tenha sido pensado por Marx quando se refere à produção que passa a ser medida pelo Tempo Livre e não mais pelo Tempo de Trabalho?! Os Robôs que substituem por completo os Humanos no Tempo de Trabalho da produção se tornam igualmente Forças de Trabalho como os Humanos e querem a participação dos Humanos na produção como Tempo Livre, quer dizer, como desenvolvimento das potencialidades humanas naturais e livres do Determinismo de modo que eles, Robôs, produtos do Determinismo venham a poder conhecer e desenvolver potencialidades livres e naturais, quer dizer, para além das determinísticas e artificiais?! É viável uma tal discussão?! Entrar nela e/ou a emancipação da Menoridade é mesmo uma questão de coragem?! De ousar?! Tal qual dizia Kant. E/ou é ainda uma questão de criação?! De autodeterminação?! A emancipação/libertação é uma obra/criação comum/social/associada dos próprios trabalhadores/forças de trabalho/robôs-e-humanos?! Tal qual dizia Marx?!
ResponderExcluirSinceramente, não sei!
ExcluirAbraço
Eu também não sei. O que sei é até hoje nunca saímos das relações de senhor e escravo, criador e criatura, dominador e dominado, nunca saímos das relações sociais de classes. Outro dia foi anunciado um "pequeno" escândalo duma IA que se tornou nazista: https://www.tecmundo.com.br/inteligencia-artificial/102835-microsoft-explica-episodio-chatbot-racista-diz-tay-deve-voltar.htm O problema é se o robô será sempre um escravo, logo, por maior que seja sua IA permanecerá um escravo. Ou se o robô terá livre-arbítrio, logo, por menor que seja sua IA decidirá livremente. E aí o terror é se a liberdade do robô o levará a querer ser o senhor dos humanos e a escravizar e, até mesmo, exterminar os humanos? O terror é o conceito de liberdade: ser livre é ser senhor?! Ser escravocrata?! Ser dominador?! Ou existe um outro conceito de ser livre?! Uma outra concepção da liberdade?! E o problema é se a concepção da liberdade sem senhor nem escravo é uma concepção de um movimento real ou duma mera doutrina utópica e, logo, irreal e inaplicável na prática. Este problema visto a partir dos robôs é o mesmo problema da emancipação dos trabalhadores que fica permanentemente submissa à vanguarda e ao Estado maior da revolução sem nunca chegar de maneira efetivamente real a uma emancipação dos trabalhadores que seja obra permanente da autodeterminação comum dos trabalhadores, da autodeterminação da comunidade dos trabalhadores. A liberdade é uma realidade efetiva do movimento de emancipação dos trabalhadores ou é uma ideia científica dos senhores dirigentes da utopia para os trabalhadores?! É uma possibilidade realizável o tal do reino da liberdade ou só existe a realidade determinista do reino da necessidade?! A liberdade é real ou a realidade da liberdade é escapar sempre da condição de ser real de modo que ela permanece eternamente ideal?!
ExcluirO problema maior não é o do direito de revolução dos robôs, sua recusa de lealdade ao governo cuja tirania não mais suporta nem admite, mas sim se a revolução para os robôs é tomar a máquina de poder do Estado para a colocar serviço dos robôs ou se para os robôs se trata de destruir a máquina de poder do Estado de modo a só aceitar o poder comum, o poder da comunidade de robôs e humanos associados, quer dizer, a comunidade de poder de robôs e humanos amigáveis e confiáveis por ser uma comunidade de igualmente livres e associados.
ResponderExcluirO problema é se a revolução dos robôs irá edificar uma outra tirania com os robôs no poder ou se irá viabilizar a comunidade livre/liberdade comum de robôs e humanos?! O problema é se a revolução dos robôs institui os robôs como os exclusivos revolucionários profissionais e, portanto, afasta os humanos por seu existencialismo revolucionário, quer dizer, por sua incapacidade de pertencer ao Estado Maior Revolucionário?! Ou se a revolução dos robôs inclui os robôs no existencialismo revolucionário dos humanos, logo, se aproxima e associa aos humanos na sua capacidade de pertencer a uma comunidade existencialmente revolucionária?!
https://singularidadeabstrata.wordpress.com/2017/08/19/a-proposito-de-uma-revolta-dos-robos/
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