A afirmação serviu de
título para uma entrevista concedida por Varella e publicada em 09/07 no portal El País. O médico oncologista sabe do que está
falando. Tratou de detentas durante anos. Segundo ele:
Atrás
das grades da Penitenciária Feminina da Capital, no Carandiru, convivem em
harmonia diversos tipos de sapatões (homossexuais que assumem aparência
masculina), entendidas (homossexuais que mantêm aparência feminina) e
mulheríssimas (heterossexuais que ocasionalmente tem relações com mulheres) -
os termos foram criados pelas próprias presas.
Em 05/08, Varella
voltou ao tema em sua coluna na Folha. Abordando a “Desigualdade judiciária” nacional,
destacou a concessão de prisão domiciliar para a mulher do ex-governador Sérgio
Cabral. Adriana Ancelmo obteve o direito porque tem dois filhos. Na cadeia, permanecem
milhares de mulheres. Quase todas são mães, avós, bisavós. Praticamente todas,
pretas e pobres.
Diante disso, Varella
pergunta:
Como
explicar que elas não têm direito à lei da qual se valeu essa senhora, cujo
marido roubou muitos milhões a mais do que a somatória de todos os furtos e
assaltos praticados pelas 2.200 prisioneiras da cadeia?
“As mulheres são
reprimidas desde que nascem, não existe nenhum outro local na sociedade onde
ela é livre assim como na cadeia”. Esta outra frase do médico serve para a grande
maioria das mulheres. Mas as consequências dessa situação não são iguais para
todas. A classe social conta. A luta de classes conta.
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