A
liderança bolchevique era contra. Se o poder fosse transferido aos sovietes
dominados pela esquerda moderada, dizia Lênin, eles o devolveriam à burguesia.
Mas
no dia da manifestação, o “Pravda”, jornal bolchevique, apareceu com um espaço
branco na capa. Os editores não chegaram a um acordo sobre o que escrever.
Meio
milhão de pessoas saíram às ruas. Os marinheiros de Kronstadt ancoraram seus
navios nos portos da cidade e exibiram suas armas, saudados pela população.
Tropas
leais ao governo chegam da frente de batalha convocadas pelos mencheviques, sob
alegação de que se tratava de mobilização contrarrevolucionária. Abrem fogo e cerca
de 400 morrem.
No
final da noite, essas mesmas tropas cercam a sede do soviete. Os membros de sua
direção respiram aliviados. Já não seriam obrigados a tomar o poder.
Em
5 de julho, um jornal sensacionalista conservador traz a manchete: “Lênin,
espião alemão!”. Era a senha para iniciar uma onda de repressão contra os
bolcheviques.
Um
vendedor do “Pravda” foi morto na rua. Em seis distritos, os bolcheviques foram
expulsos das fábricas por seus companheiros de trabalho.
Muitos
dos principais líderes do partido se esconderam. Mas alguns dos mais
importantes foram presos. Entre eles, Trotsky.
Lenin
queria se entregar para poder se defender. Mas a direção do partido o despachou
para a Finlândia.
A
contrarrevolução avançava a passos largos. Em breve, seria derrotada, não pela
genialidade da liderança bolchevique, mas pelas bases do partido.
Mais um relato baseado em “October, The Story of the
Russian Revolution”, de China Miéville.
Leia
também: Julho
de 1917: Lênin pede calma
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