Abaixo, um trecho do livro “October,
The Story of the Russian Revolution”, de China Miéville, ainda sem tradução:
Em Moscou, em outubro
de 1905, uma questão de pontuação desencadeia o ato final do ano
revolucionário. Os tipógrafos da cidade são remunerados por letra impressa. Mas,
na editora Sytin, eles passam a exigir pagamento por pontuação. Uma revolta
ortográfica que provoca uma onda de greves de apoio. Padeiros e ferroviários se
juntam, alguns bancários também. Dançarinos do Ballet Imperial se recusam a atuar. Fábricas e lojas fecham, os bondes permanecem imóveis, os advogados
recusam os casos, os jurados negam-se a sentenciar. A produção permanece imóvel nas
ferrovias, os nervos de ferro do país congelados. Um milhão de soldados estão encalhados
na Manchúria. Os grevistas exigem pensões e salários dignos, eleições livres, anistia
para presos políticos e, novamente, um órgão representativo: uma Assembléia
Constituinte.
Grande parte das exigências só seria atendida mais
de uma década depois. Mas em episódios como o descrito acima, o rascunho
geral foi sendo escrito. Foram necessárias muitas revisões antes de a edição final
sair dos prelos. E mesmo esta continua a receber inúmeras erratas e a exigir edições
menos presas a certos academicismos embolorados. Porque as impressoras da
História nunca param. Para o bem e para o mal.
Muito curiosa e bonita história. Comentários idem.
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