O
problema de fundo é que só humanos podem discernir o que algoritmos não
detectam. Redes sociais e congêneres se negam a reconhecê-lo, pois isso implica
admitir que são empresas de mídia e não plataformas (o que tem consequências,
inclusive jurídicas), abala seu “modelo de negócio”, causando uma explosão de
custos. É preciso gente para produzir e editar conteúdo, evitando que crimes
sejam praticados e exibidos, para que o anúncio vá para o público desejado, e
não para outro seguidor de canais criminosos. É preciso gente habilitada para
fazer jornalismo conforme as boas práticas numa sociedade democrática. E é
preciso gente educada e com senso crítico para entender a importância dessas
diferenças e não aceitar o que o algoritmo imoral lhe oferece.
O texto reflete o
conflito de interesses entre os monopólios do jornalismo e os da interação virtual.
Mas recente notícia publicada na Rede Brasil Atual sugere que esse embate não opõe forças tão antagônicas
assim:
Em
7 de abril, a agência Bloomberg noticiou que o Google estava trabalhando
diretamente com o Washington Post e o New York Times para “checar os fatos” de
artigos e eliminar “notícias falsas”.
Meses depois, a Google
anunciou medidas para impedir que usuários acessem “notícias falsas”. Resultado,
“o tráfego global de um amplo leque de organizações de esquerda, progressistas,
contra a guerra ou em favor dos direitos democráticos teve queda significativa”.
Não seria surpresa se esta também fosse classificada como mais uma notícia falsa.
Leia também: A
economia política da “pós-verdade”
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