Chernov,
uma liderança do partido socialista revolucionário e membro da direção do
Soviete, teve seu automóvel cercado por uma multidão que incluía raivosos
marinheiros recém chegados da fortaleza de Kronstadt. Foi um deles que se
aproximou e, encostando o punho fechado no rosto de Chernov, gritou “Tome o
poder, seu filho da puta, quando ele é oferecido a você!"
O
linchamento era iminente. Foi aí que apareceu Trotsky. Subindo no capô do carro,
ele gritou:
“Camaradas de Kronstadt, orgulho e glória
da revolução! Vocês vieram declarar sua vontade e mostrar ao soviete que a
classe trabalhadora não quer mais ver a burguesia no poder. Mas por que ferir
sua própria causa com pequenos atos de violência contra indivíduos ocasionais?
Os indivíduos não são dignos de sua atenção”.
“Aqueles aqui a favor da violência, levantem
as mãos". Nenhuma mão se ergueu. "Cidadão Chernov", disse
Trotsky, abrindo a porta do carro, "você é livre para ir". Machucado,
aterrorizado, humilhado, Chernov correu para o palácio. Que Chernov, muito provavelmente,
teria morrido naquele dia não fosse por Trotsky, não o impediu de se sentar
naquela mesma noite para escrever uma série de ferozes ataques contra os
bolcheviques.
Este
acontecimento também indica como a questão da violência se apresentou em 1917. As lideranças
revolucionárias procuravam impedir que a ira popular descambasse para a
barbárie. Mas foi nela que as forças reacionárias apostaram todas as suas
fichas.
Infelizmente não impediu Trotsky de participar da trágica decisão sobre Kronstadt mais tarde, em 1921
ResponderExcluirSim, meu caro camarada. Mas, talvez, o episódio posterior envolvendo os marinheiros de Kronstadt prove que a barbárie imposta pela contrarrevolução acabou imperando, apesar de tudo.
ExcluirAbraço!