O título do livro “The Patterning Instinct”, de
Jeremy Lent, pode ser traduzido por “Instinto padronizador”. Segundo o autor,
ao contrário de outros mamíferos, nós possuímos um “apetite insaciável” por
encontrar significados no mundo à nossa volta.
Este “apetite” seria instintivo porque emergiu em
nossa espécie antes do aprendizado cultural. Segundo pesquisas neurológicas
recentes, a região
cerebral chamada córtex pré-frontal (CPF) seria a responsável por essa característica tão especial.
Fome, desejos sexuais, dor, agressão, cuidados
com a prole seriam exemplos de experiências cognitivas que partilhamos com
muitos outros animais.
Já coisas como conversar, ler, planejar a
aposentadoria ou fazer música envolveriam modos de pensamento mediados pelo
CPF. Formariam nossa consciência conceitual, responsável pelas mediações
necessárias à nossa capacidade de planejar, conceituar, simbolizar, criar
regras e impor significados.
Lent cita o antropólogo Clifford Geertz, para
quem somos um animal cujo “esforço para compreender a experiência, para dar
forma e ordem, é evidentemente tão concreta e urgente quanto as mais
importantes necessidades biológicas”. Uma definição muito próxima à dos
marxistas.
E de modo semelhante a Marx, Lent não acredita
que os padrões criados por esse “instinto” seriam resultado inevitável da
natureza humana. Para ele, nossa situação atual também é motivada culturalmente
e produto de estruturas de pensamento que poderiam ser reformuladas.
Mais especificamente, o autor está preocupado com
o fato de que nossa espécie vem colocando em risco a própria sobrevivência. Mas
se nega a aceitar isso como resultado necessário e imutável das imposições de
nosso “instinto padronizador”.
É como se ele dissesse “Outra humanidade é
possível. Sem essa de instinto suicida!”
Voltaremos ao tema nas próximas pílulas.
Mudou de autor mas continua na linha do "Marx estava certo". Bom.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSim, mas o interessante é que Marx não só não aparece na bibliografia, como a única vez que é citado é sob a acusação de que compactuava com a lógica ocidental produtivista. Não digo que algumas ideias de Marx não tenham resvalado pra esse lado, mas o conjunto de sua obra e muitos de seus seguidores não caminham nessa direção. Valeu!
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